terça-feira, 5 de novembro de 2013

SERVIDOR PÚBLICO É O BODE ESPIATÓRIO

O prefeito Hernani de São Sebastião, em entrevista à Rádio Morada, falou algo que vem sendo objeto de muitas discussões nos debates sobre gestão pública. Explicou ele, que está tomando medidas drásticas em relação aos vícios que prejudicam o desempenho dos servidores públicos daquela cidade.
Disse que é enorme a quantidade de professores afastados das salas de aula por conta de atestados médicos. O que obriga o município a manter uma grande quantidade de professores eventuais, não concursados, que são escalados para preencherem as vagas deixadas nas salas de aula, enquanto os titulares se afastam. Segundo o prefeito, há um corporativismo que pode incluir os médicos que fornecem atestado em quantidade muito superior à das empresas da iniciativa privada.
Parecia dizer que pode haver excessos nessas licenças, situação idêntica à de outras prefeituras que também alegam que a há muitos professores afastados e os substitutos são escalados, mas há também, notícias dando conta de que os substitutos também estão abandoando as salas de aula. Será o defeito dos professores ou será que a sala de aula precisa ser repensada?
Lembrei-me de uma conversa que tive a alguns meses com um técnico do Tribunal de Contas, e ele me disse que um dos maiores problemas atuais da gestão pública, é o servidor que não é, segundo ele, suficientemente eficiente na realização de suas tarefas. Disse: “Se não terceirizar a coisa não anda.”
Esse pensamento sobre os servidores, está virando regra e se for levado ao pé-da-letra, pode-se concluir que o servidor público é o grande mal.
Para melhor aquilatar essa avaliação, procurei ouvir alguns servidores públicos concursados e pedi que me explicassem sobre a real situação do serviço público de modo geral.
Ouvi cobras e lagartos, e teve um que foi incisivo: “Eles se elegem, querem fazer do poder público um patrimônio quase privado, querem gerir da forma política e querem usar o servidor como se fosse seu empregado particular. Como nós temos limitações legais para exercermos as nossas funções, e esses limites nos impedem de participar de atos abusivos, por isso nós não prestamos, por que não satisfazemos os interesses pessoais e políticos deles. Por isso os servidores acabam substituídos por terceirizados que aceitam qualquer coisa em troca do emprego”.
A realidade é essa, o servidor concursado tem sido desmoralizado, sua autoestima está destruída, submetido a chefias sem qualificação, vindas sabe-se lá de onde, que exigem dele, o servidor, o que ele não pode dar.
Alguns servidores, menos escrupulosos acabam se perdendo pelo caminho, chegando nos casos extremos, a aceitarem cargos comissionados que lhes permitem receber um pouco mais de dinheiro, em troca de favores que só enriquecem os tubarões. Esses servidores, são os que se lambuzam com as migalhas e ajudam os “piratas do poder” a empregar seus filhos incompetentes, seus cúmplices nos maus hábitos, ou aos membros da mesma quadrilha que faz do poder uma vítima fácil, com a ajuda de servidores sem escrúpulos.
Bem feito pra toda essa categoria que já foi tão respeitada, mas que está se deixando contaminar pelos corruptos, e permitindo que eles desviem a finalidade do poder público, e ainda ao final de tudo, culpem o servidor pelos mau resultados das gestões públicas desenvolvidas por prefeitos sem estudo, e em muitos casos, sem moral.
O prefeito Hernani não está errado ao adotar medidas severas contra os maus costumes dos servidores, mas precisa se atentar para as causas que estão transformando o servidor em vilão dessa história do Brasil varonil tão aviltado pela corrupção eleitoral, empreguismo de parentes, superfaturamentos, eleições fraudadas, e mais um monte de coisas que nem dá pra lembrar.
O servidor precisa é de respeito, tratamento psicológico e de chefes mais comprometidos com a técnica do que com as políticas. E enfim, o servidor precisa é de ser afastado dessas brigas idiotas de partidos sem identidade, e sem finalidade e de pessoas que se odeiam em nome da disputa pelo poder.

O servidor público precisa ser resgatado das garras da politicagem, já que a cada cargo correspondem algumas funções e as funções devem ser exercidas de modo técnico, possível de ser avaliado sem politicagem. Ai sim, aquele que não conseguir ser melhor poderá ser até dispensado a bem do serviço público. Por enquanto, o mais sensato seria proteger o servidor e depois julgar e condenar caso a caso, valorizando-se o mérito técnico, e punindo-se a ineficiência. O servidor vai se sentir forte, interessado e respeitado. O povo vai agradecer.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bom Dia...
Concordo em partes com esta publicação. Que todos devem ser respeitados, isto é óbvio. Que existe politicagem, todos sabem...
Sou professora e a maioria dos professores concursados, utiliza-o seu cargo como tal para se dar bem em atestados. Pois sabe que esta assegurado e não pode ser mandado embora. EXISTE PROFESSORES E PROFESSORES. Pessoas que realmente ama oque fazem. Mas na grande maioria pensam somente no dia do salário. Sou a favor sim de terceirizações. Pois ao menos estes são comprometidos, pois ou fazem bem feito, ou corre o risco de ser mandado embora. Nossa educação publica esta um caos. Vê se estes mesmos professores que dão aula no município se sujeitão a colocar seus filhos no mesmo. É ruim hein... perguntem onde os filhos deles estudam? Escolas particulares. Pois eles sabem como funcionam... Professores sem comprometimentos que sabem que tem estabilidade.