O prefeito Hernani de São
Sebastião, em entrevista à Rádio Morada, falou algo que vem sendo objeto de
muitas discussões nos debates sobre gestão pública. Explicou ele, que está
tomando medidas drásticas em relação aos vícios que prejudicam o desempenho dos
servidores públicos daquela cidade.
Disse que é enorme a quantidade
de professores afastados das salas de aula por conta de atestados médicos. O
que obriga o município a manter uma grande quantidade de professores eventuais,
não concursados, que são escalados para preencherem as vagas deixadas nas salas
de aula, enquanto os titulares se afastam. Segundo o prefeito, há um corporativismo
que pode incluir os médicos que fornecem atestado em quantidade muito superior
à das empresas da iniciativa privada.
Parecia dizer que pode haver
excessos nessas licenças, situação idêntica à de outras prefeituras que também
alegam que a há muitos professores afastados e os substitutos são escalados,
mas há também, notícias dando conta de que os substitutos também estão
abandoando as salas de aula. Será o defeito dos professores ou será que a sala
de aula precisa ser repensada?
Lembrei-me de uma conversa que
tive a alguns meses com um técnico do Tribunal de Contas, e ele me disse que um
dos maiores problemas atuais da gestão pública, é o servidor que não é, segundo
ele, suficientemente eficiente na realização de suas tarefas. Disse: “Se não
terceirizar a coisa não anda.”
Esse pensamento sobre os
servidores, está virando regra e se for levado ao pé-da-letra, pode-se concluir
que o servidor público é o grande mal.
Para melhor aquilatar essa
avaliação, procurei ouvir alguns servidores públicos concursados e pedi que me
explicassem sobre a real situação do serviço público de modo geral.
Ouvi cobras e lagartos, e teve um
que foi incisivo: “Eles se elegem, querem fazer do poder público um patrimônio
quase privado, querem gerir da forma política e querem usar o servidor como se
fosse seu empregado particular. Como nós temos limitações legais para
exercermos as nossas funções, e esses limites nos impedem de participar de atos
abusivos, por isso nós não prestamos, por que não satisfazemos os interesses
pessoais e políticos deles. Por isso os servidores acabam substituídos por
terceirizados que aceitam qualquer coisa em troca do emprego”.
A realidade é essa, o servidor
concursado tem sido desmoralizado, sua autoestima está destruída, submetido a
chefias sem qualificação, vindas sabe-se lá de onde, que exigem dele, o servidor,
o que ele não pode dar.
Alguns servidores, menos
escrupulosos acabam se perdendo pelo caminho, chegando nos casos extremos, a
aceitarem cargos comissionados que lhes permitem receber um pouco mais de
dinheiro, em troca de favores que só enriquecem os tubarões. Esses servidores, são
os que se lambuzam com as migalhas e ajudam os “piratas do poder” a empregar
seus filhos incompetentes, seus cúmplices nos maus hábitos, ou aos membros da
mesma quadrilha que faz do poder uma vítima fácil, com a ajuda de servidores
sem escrúpulos.
Bem feito pra toda essa categoria
que já foi tão respeitada, mas que está se deixando contaminar pelos corruptos,
e permitindo que eles desviem a finalidade do poder público, e ainda ao final
de tudo, culpem o servidor pelos mau resultados das gestões públicas desenvolvidas
por prefeitos sem estudo, e em muitos casos, sem moral.
O prefeito Hernani não está
errado ao adotar medidas severas contra os maus costumes dos servidores, mas precisa
se atentar para as causas que estão transformando o servidor em vilão dessa
história do Brasil varonil tão aviltado pela corrupção eleitoral, empreguismo
de parentes, superfaturamentos, eleições fraudadas, e mais um monte de coisas
que nem dá pra lembrar.
O servidor precisa é de respeito,
tratamento psicológico e de chefes mais comprometidos com a técnica do que com
as políticas. E enfim, o servidor precisa é de ser afastado dessas brigas idiotas
de partidos sem identidade, e sem finalidade e de pessoas que se odeiam em nome
da disputa pelo poder.
O servidor público precisa ser
resgatado das garras da politicagem, já que a cada cargo correspondem algumas
funções e as funções devem ser exercidas de modo técnico, possível de ser
avaliado sem politicagem. Ai sim, aquele que não conseguir ser melhor poderá
ser até dispensado a bem do serviço público. Por enquanto, o mais sensato seria
proteger o servidor e depois julgar e condenar caso a caso, valorizando-se o
mérito técnico, e punindo-se a ineficiência. O servidor vai se sentir forte,
interessado e respeitado. O povo vai agradecer.
Um comentário:
Bom Dia...
Concordo em partes com esta publicação. Que todos devem ser respeitados, isto é óbvio. Que existe politicagem, todos sabem...
Sou professora e a maioria dos professores concursados, utiliza-o seu cargo como tal para se dar bem em atestados. Pois sabe que esta assegurado e não pode ser mandado embora. EXISTE PROFESSORES E PROFESSORES. Pessoas que realmente ama oque fazem. Mas na grande maioria pensam somente no dia do salário. Sou a favor sim de terceirizações. Pois ao menos estes são comprometidos, pois ou fazem bem feito, ou corre o risco de ser mandado embora. Nossa educação publica esta um caos. Vê se estes mesmos professores que dão aula no município se sujeitão a colocar seus filhos no mesmo. É ruim hein... perguntem onde os filhos deles estudam? Escolas particulares. Pois eles sabem como funcionam... Professores sem comprometimentos que sabem que tem estabilidade.
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