Tenho, pelo Genoíno, grande admiração quando olho o seu
passado de luta contra as ditaduras. Ele pôs a cara à tapas e sofreu muito
lutando pelos ideais que defendia. Claro que não concordaria hoje se ele
defendesse o tal do socialismo centralizador que já foi substituído no mundo.
Entretanto, pode ser razoável reconhecer que alguém precisava lutar contra a
ditadura que é um modelo de governo ainda pior do que os modelos rígidos do
tipo comunismo, que tolhem a liberdade individual e não dão quase nada em troca.
Genoíno tem mostrado agora, depois de velho, que possui um
fundo de covardia em seu comportamento, quando reluta para não cumprir a pena
que a sociedade lhe impôs. Um herói faz como o Gandhi ou o Mandela, que
cumpriam as suas obrigações fossem elas justa ou não, com dignidade absoluta.
Mandela ficou 27 anos preso injustamente, e mesmo assim foi capaz de manter um
comportamento dócil, equilibrado mesmo se o assunto fosse sobre os seus
algozes. Todas as formas de enfrentamento têm o seu preço, seja ele o da
vitória ou o preço da derrota, mas o guerreiro sadio faz de cada fato um degrau
para a subida que pode ser retardada, mas certamente ocorrerá com a persistência.
O verdadeiro herói não decepciona aos seus adeptos com recuos
que possam significar covardia ou medo. Ser preso em nome das conquistas que se
fizeram no Brasil, não é demérito e nem vai desmerecer o passado dos “guerreiros”
das décadas de chumbo e a prisão pode trazer lições que o mundo precisa
aprender.
De todas as lições que podemos apreender desses fatos, há uma
que é mais importante. O poder não pode ser nada mais do que apenas um dever
que certamente irá passar para outras mãos que não exatamente as que
gostaríamos de escolher. Se o poder emana do povo, os políticos precisam
aprender a respeitar os limites do próprio poder que exercem.
Houve excessos e os excessos deste caso, moram na ideia
equivocada de que quem está no poder deva fazer de tudo para não perdê-lo nunca
mais. Genoíno e Zé Dirceu foram bem até conseguirem eleger o Lula e se
posicionarem ao lado dele no palácio, mas na sequência, certamente com medo de
perder poderes ou de permitirem a volta dos que tinham ido, praticaram atos
tidos por criminosos pela justiça, e agora querem fugir ao cumprimento das
penalidades de forma aparentemente covarde. O termo covarde não quer significar
falta de caráter, mas fraqueza.
Quando vi o Mário Covas chorar em público diante de um câncer
perverso, senti o mesmo que sinto agora. Não é bom assistir o fracasso de quem
sempre empunhou bandeiras importantes. Esses homens deveriam erguer a cabeça e
se encaminharem aos presídios sem nenhuma resistência, por que o que importa é
o resultado da sua luta no plano coletivo. Como nação, temos evoluído ainda que
alguns torçam contra.
Pagar as penas com dignidade, é como pagar uma prestação
assumida. Repito e repetirei sempre que Zé Dirceu e Genoíno não são vilões da
história do Brasil, mas podem ser vistos como heróis ainda que tenham sido
condenados pela justiça que eles mesmo ajudaram a construir. Afinal, Joaquim
Barbosa é cria do Lula. Ou não?
João Lúcio Teixeira
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