sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

GENOÍNO PEDE PARA CUMPRIR PENA EM CASA

Tenho, pelo Genoíno, grande admiração quando olho o seu passado de luta contra as ditaduras. Ele pôs a cara à tapas e sofreu muito lutando pelos ideais que defendia. Claro que não concordaria hoje se ele defendesse o tal do socialismo centralizador que já foi substituído no mundo. Entretanto, pode ser razoável reconhecer que alguém precisava lutar contra a ditadura que é um modelo de governo ainda pior do que os modelos rígidos do tipo comunismo, que tolhem a liberdade individual e não dão quase nada em troca.
Genoíno tem mostrado agora, depois de velho, que possui um fundo de covardia em seu comportamento, quando reluta para não cumprir a pena que a sociedade lhe impôs. Um herói faz como o Gandhi ou o Mandela, que cumpriam as suas obrigações fossem elas justa ou não, com dignidade absoluta. Mandela ficou 27 anos preso injustamente, e mesmo assim foi capaz de manter um comportamento dócil, equilibrado mesmo se o assunto fosse sobre os seus algozes. Todas as formas de enfrentamento têm o seu preço, seja ele o da vitória ou o preço da derrota, mas o guerreiro sadio faz de cada fato um degrau para a subida que pode ser retardada, mas certamente ocorrerá com a persistência.
O verdadeiro herói não decepciona aos seus adeptos com recuos que possam significar covardia ou medo. Ser preso em nome das conquistas que se fizeram no Brasil, não é demérito e nem vai desmerecer o passado dos “guerreiros” das décadas de chumbo e a prisão pode trazer lições que o mundo precisa aprender.
De todas as lições que podemos apreender desses fatos, há uma que é mais importante. O poder não pode ser nada mais do que apenas um dever que certamente irá passar para outras mãos que não exatamente as que gostaríamos de escolher. Se o poder emana do povo, os políticos precisam aprender a respeitar os limites do próprio poder que exercem.
Houve excessos e os excessos deste caso, moram na ideia equivocada de que quem está no poder deva fazer de tudo para não perdê-lo nunca mais. Genoíno e Zé Dirceu foram bem até conseguirem eleger o Lula e se posicionarem ao lado dele no palácio, mas na sequência, certamente com medo de perder poderes ou de permitirem a volta dos que tinham ido, praticaram atos tidos por criminosos pela justiça, e agora querem fugir ao cumprimento das penalidades de forma aparentemente covarde. O termo covarde não quer significar falta de caráter, mas fraqueza.
Quando vi o Mário Covas chorar em público diante de um câncer perverso, senti o mesmo que sinto agora. Não é bom assistir o fracasso de quem sempre empunhou bandeiras importantes. Esses homens deveriam erguer a cabeça e se encaminharem aos presídios sem nenhuma resistência, por que o que importa é o resultado da sua luta no plano coletivo. Como nação, temos evoluído ainda que alguns torçam contra.
Pagar as penas com dignidade, é como pagar uma prestação assumida. Repito e repetirei sempre que Zé Dirceu e Genoíno não são vilões da história do Brasil, mas podem ser vistos como heróis ainda que tenham sido condenados pela justiça que eles mesmo ajudaram a construir. Afinal, Joaquim Barbosa é cria do Lula. Ou não?

João Lúcio Teixeira

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