A situação penitenciária no Brasil está exigindo um estudo
detalhado sobre a realidade desse setor. São 530 mil presos no país, espalhados
em equipamentos sem condições, quase todos com excesso de população e más
condições de manutenção e manchados pela corrupção.
A sociedade exige que mais pessoas sejam presas, inclusive os
torcedores de futebol envolvidos em conflitos de torcidas organizadas e
políticos corruptos.
A realidade mostra o contrassenso entre a necessidade de se
prenderem mais pessoas e a dificuldade dos estados em manterem o sistema já
existente, e eivado de corrupção e má gestão.
Construir mais cadeias em um pais que sofre a falta de
hospitais, medicamentos, melhor remuneração dos professores, segurança pública
ineficiente, seria um absurdo o país investir em construção e cadeias. Não que
se possa defender a ideia de não se investir em segurança pública, mas é
fundamental que se discuta abertamente com a população as soluções que vêm
sendo estudadas dentro dos gabinetes e não consegue refrear a escalada da
violência urbana.
Os bandidos estão a cada dia menos cuidadosos e já praticam
crimes sem máscaras, em pleno dia, cientes de que a impunidade os protegerá. A
situação precisa sofrer uma espécie de reversão que pode não ser exatamente a
construção de presídios. O país precisa rever as bases da educação e da
responsabilidade familiar, principais causadores de uma espécie de falta de
compromisso social que leva as pessoas e serem individuais, a pensarem somente
no interesse particular em detrimento do interesse coletivo. Cada indivíduo
deseja resolver os problemas da sua família e de si mesmo, ignorando o fato
real de que o bandido gerado na casa do vizinho é um perigo que coloca em risco
a integridade física e o patrimônio de toda a coletividade.
Estamos produzindo bandidos e depois não temos o que fazer
com eles. Precisamos parar de produzir bandidos, e fazer com que as crianças
que estão vindo sejam cidadãs coletivos e sejam preparadas para construírem um
mundo melhor do que fizemos até agora.
A rebelião no presídio de Caraguá na data de hoje, mostra
mais uma vez que se a população carcerária continuar crescendo não haverá possibilidades
de controle sobre ela, por que ela será maior do que todos nós juntos.
Estamos tratando as nossas crianças como bichos de estimação
e os nossos presos como animais.
Os governantes precisam parar de gastar tanto dinheiro com
sacos de cimento e investirem mais no ser humano, antes que o ser humano se
perca completamente.
A escola, a cultura e o esporte são instrumentos que,
administrados com foco na reforma social podem servir de base à grande
revolução sem armas, necessária e inadiável. Não dá mais pra achar que a construção de prédios suntuosos seja a única solução.
João Lúcio Teixeira
Advogado- Economista
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