quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

REBELIÃO NO CDP DE CARAGUÁ MOSTRA OS EFEITOS DO GRANDE ERRO SOCIAL

A situação penitenciária no Brasil está exigindo um estudo detalhado sobre a realidade desse setor. São 530 mil presos no país, espalhados em equipamentos sem condições, quase todos com excesso de população e más condições de manutenção e manchados pela corrupção.
A sociedade exige que mais pessoas sejam presas, inclusive os torcedores de futebol envolvidos em conflitos de torcidas organizadas e políticos   corruptos.
A realidade mostra o contrassenso entre a necessidade de se prenderem mais pessoas e a dificuldade dos estados em manterem o sistema já existente, e eivado de corrupção e má gestão.
Construir mais cadeias em um pais que sofre a falta de hospitais, medicamentos, melhor remuneração dos professores, segurança pública ineficiente, seria um absurdo o país investir em construção e cadeias. Não que se possa defender a ideia de não se investir em segurança pública, mas é fundamental que se discuta abertamente com a população as soluções que vêm sendo estudadas dentro dos gabinetes e não consegue refrear a escalada da violência urbana.
Os bandidos estão a cada dia menos cuidadosos e já praticam crimes sem máscaras, em pleno dia, cientes de que a impunidade os protegerá. A situação precisa sofrer uma espécie de reversão que pode não ser exatamente a construção de presídios. O país precisa rever as bases da educação e da responsabilidade familiar, principais causadores de uma espécie de falta de compromisso social que leva as pessoas e serem individuais, a pensarem somente no interesse particular em detrimento do interesse coletivo. Cada indivíduo deseja resolver os problemas da sua família e de si mesmo, ignorando o fato real de que o bandido gerado na casa do vizinho é um perigo que coloca em risco a integridade física e o patrimônio de toda a coletividade.
Estamos produzindo bandidos e depois não temos o que fazer com eles. Precisamos parar de produzir bandidos, e fazer com que as crianças que estão vindo sejam cidadãs coletivos e sejam preparadas para construírem um mundo melhor do que fizemos até agora.
A rebelião no presídio de Caraguá na data de hoje, mostra mais uma vez que se a população carcerária continuar crescendo não haverá possibilidades de controle sobre ela, por que ela será maior do que todos nós juntos.
Estamos tratando as nossas crianças como bichos de estimação e os nossos presos como animais.
Os governantes precisam parar de gastar tanto dinheiro com sacos de cimento e investirem mais no ser humano, antes que o ser humano se perca completamente.
A escola, a cultura e o esporte são instrumentos que, administrados com foco na reforma social podem servir de base à grande revolução sem armas, necessária e inadiável. Não dá mais pra achar que a construção de prédios suntuosos seja a única  solução.
João Lúcio Teixeira

Advogado- Economista

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