Está criado o impasse entre Brasil e Cuba. Os médicos cubanos vieram
para cá como solução dos problemas da falta desses profissionais na rede
pública brasileira, e aparentemente a questão pode ser minorada com o aumento
do número de profissionais. Estão sendo licenciados novos cursos de medicina, e
o último de que tivemos conhecimento é na Universidade de Alfenas em Minas
Gerais, mas ainda é remota a possibilidade de que os médicos brasileiros possam
ser suficientes para atenderem à demanda local. Enquanto isso, vamos importando
profissionais como fazem países de primeiro mundo como a Inglaterra.
Nesta semana a médica Ramona Matos Rodriguez de 51 anos, cubana vinda
para o país no programa mais médicos do governo federal, resolveu abandonar o
programa, deixou a cidade de Pacajá, no estado do Pará, refugiou-se no gabinete
do deputado federal Ronaldo Caiado, em Brasília, e foi acolhida justamente pelo
deputado que mais critica o programa mais médicos. Caiado é médico. Agora, ela
diz que se sente enganada por Cuba, que prometeu que ela poderia trazer seus
parentes, mas não pode, que ganharia salário suficiente no Brasil, mas o custo
de vida aqui não lhe permite viver dignamente com o que ganha. Diz que não quer
voltar a Cuba. Vai pedir asilo político e pretende ficar por aqui.
Se outros médicos fizerem o mesmo, o programa mais médicos poderá ser um
engasgo de grandes montas na relação diplomática Brasil-Cuba.
Lá o Brasil acaba de financiar a construção de um porto de grandes
proporções, em forma de cooperação econômica.
A boa vontade do governo brasileiro em se relacionar com o estado cubano
pode provocar um debate interessante. Para os adeptos das ditaduras de
esquerda, é romântico o brasileiro ser amigo íntimo do cubano e quem sabe
aprender com eles a ser comunista, embora a palavra comunista esteja fora de
moda. Para os brasileiros que não simpatizam com as ditaduras de Fidel, Chavez,
e outros, a aproximação do brasileiro com o cubano seria boa pra que eles, os cubanos
aprendessem a viver em democracia.
É mais fácil o cachimbo entortar a boca do que aboca entortar o
cachimbo. Bem melhor é viver no regime de liberdades. Duvido que algum
brasileiro de mente sã, optasse por virar cubano caso nós tivéssemos mandado
médicos pra lá. Segundo o grande filósofo Joãozinho Trinta quem gosta pobreza é
só intelectual, porque pobre gosta é de luxo. Ou poderíamos parafrasear o
Mestre Poetinha Vinícius de Morais que dizia; “As feias que me perdoem, mas
beleza é fundamental”.
Em síntese, o que se pode extrair das informações e das práticas, é a
certeza de que é bem melhor viver aqui do que lá, e isso vai acabar complicando
a ideia intelectualizada de que os cubanos pudessem trabalhar no Brasil e
continuar amando assim “espontaneamente” o grande líder Fidel, ou desejarem
voltar pra ilha das fantasias. Mais fácil Cuba virar Brasil do que Brasil virar
Cuba e nem precisa ser mágico pra entender isso. Alguém poderá dizer que os
médicos não podem deixar o regime porque eles estudaram de graça e agora serão
escravos do sistema. Burrice, porque o dinheiro que pagou os estudos é o
dinheiro do povo que certamente deve pagar impostos. Qual seria a outra forma
de arrecadação do estado cubano? Doações internacionais? Os cubanos não devem
nada ao estado até porque já pagaram a conta com sobra.
Agora, vamos raciocinar sem paixões. Há virtudes no regime cubano e isso
não se pode negar. O povo cubano evoluiu enquanto gente, estudou mais que o
brasileiro, tem melhor sistema de saúde que o nosso, tem mais consciência
política, mas certamente há uma parcela importante da população que gostaria de
viver no Brasil, ou até nos Estados Unidos, local preferido para as fugas em
barcos de pequeno porte em situação de perigo de morte. Ocorre que há excessos
de poderes que aniquilam a individualidade, inibem as liberdades e ninguém
consegue ser coletivo completamente. Seria bom que Fidel ou seu Irmão, outro
absurdo em matéria de governo antidemocrático, abrissem as porteiras e
permitissem a saída espontânea de pessoas para viverem fora de lá. Será que
restariam muitos cubanos em Cuba? Todo mundo quer que seus filhos sejam mais
bonitos, mais inteligentes, mais admirados. Um pouco de sonho, vaidade e de
ambição podem fazer bem à alma, já que o homem não é só matéria.
Os grandes pensadores da humanidade em tempos muito remotos já
imaginaram um estado onde as pessoas se reunissem em alguma praça pública e
decidissem os rumos do seu governo em busca do bem estar comum ou noutros
termos, da felicidade. Destacam-se: Sócrates, Platão, com a obra “A República”
e Rousseau com o “Contrato Social”.
“A intervenção de Sócrates é sábia: governar é
estar a serviço dos governados, como um médico curando os doentes. A justiça é
superior à injustiça e é preferível sofrer a injustiça do que praticá-la. Onde
se pratica a injustiça, aí está a desunião e a discórdia. Onde houver justiça,
aí está a felicidade.” Fonte Wikipédia”
Sócrates foi um filósofo da Grécia antiga, que
viveu cerca de 450 anos antes de Cristo e cujo pensamento é tão atual como se
estivesse ele vivendo hoje. Tinha a preocupação com a felicidade do povo, que incluía
a aceitação dos governantes como legítimos construtores da felicidade geral.
Os políticos despreparados ou mal intencionados
pregam a desunião, a perseguição, a disputa política de má qualidade onde quem
está do lado deles é santo e o resto é demônio e com isso geram infelicidades.
Deveriam estar a serviço da união, da paz, e do progresso social, de todos
indivíduos e nunca somente dos seus “puxa-sacos”. Esses são os
tumores sociais que precisam ser extirpados sem anestesia e rapidamente, para
que outras pessoas não estejam sonhando, no futuro, com a felicidade que
Sócrates pregava há cerca de 2.500 anos.
João Lúcio Teixeira
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