Domingo meio embaçado, com jeito de chuva, mas
nem tanto, fui pela manhã ao mercado municipal de São José, em busca de um bom
pastel ou alguns files de peixe de água doce. No Bar do Stelet encontrei o
velho parceiro de política, o ex-vereador Luiz Paulo Costa, que nos velhos
tempos ostentava, com razão, a fama de mentor intelectual dos pensamentos de esquerda na
região do Vale do Paraíba. Passou pelo crivo dos torturadores de plantão,
sobreviveu e está hoje na casa dos setenta anos. Senti grande alegria ao vê-lo
de novo, conversamos por um bom tempo e ao final eu fiquei assim meio
desapontado ao notar que aquele poder de fogo que fazia dele uma liderança
convicta foi substituído pela simpatia por ideais alinhados com o pensamento
econômico empresarial. O tempo muda as pessoas, e o Luiz Paulo está assim
aparentemente contaminado pela simpatia do capitalismo. Evidente que não se
trata de uma censura porque cada qual segue o caminho que melhor lhes pareça,
mas acho que fui eu quem talvez estivesse esperando muito mais do que vi.
Falamos de muitos assuntos, e o papo acabou satisfatório, mas eu vim pra casa
pensando que não se fazem mais comunistas como antigamente.
Meu posicionamento político dos anos 80
continua o mesmo, e ele se concretiza na ideia de que política só serve se for
para melhorar não somente a vida material do ser humano, mas melhorar as
pessoas como seres que merecem evoluir sempre. De que adiantam ruas
bonitas e enfeitadas se não for para pessoas melhores trafegarem por elas.
Me lembro que eu e o Luiz Paulo fomos
vereadores na mesma legislatura, a de 1982 a 1988 a última de 6 anos por que
depois voltou a ser de quatro anos o mandato dos vereadores. A gente tinha uma
linguagem convicta na defesa das coletividades, e isso era muito bom de se
praticar. Agora, ficamos velhos, e eu senti que perdi uma das boas referências
do meu universo político.
Me resta uma confusão mental: Será que
político tem que ser assim?
Nenhum comentário:
Postar um comentário