quinta-feira, 5 de junho de 2014

É PRA SE PENSAR

A cidade de Caraguatatuba tem um histórico de cidade politicamente incorreta. Os seus gestores, salvo raríssimas exceções foram pessoas oriundas das elites econômicas, que viram na cidade uma única vocação, a de agradar os turistas para que voltem e gerem divisas para a sobrevivência dos moradores locais. Os moradores locais, sempre estiveram a reboque de um turismo nada técnico, nada organizado e nada produtivo, se observado do ponto de vista da distribuição de rendas. As famílias locais sobrevivem praticamente da caridade dos políticos que os indicam para empregos junto às empresas prestadoras de serviços que deveriam ser realizados pela própria municipalidade, como limpeza pública, obras, creches, e alguns outros serviços que só são conseguidos se algum político sem escrúpulo participar da indicação. Essa promiscuidade pública torna o cidadão refém eleitoral e o resultado é a repetição de erros eleitorais que levam ao poder políticos sem qualquer identidade popular. Pessoas que nunca foram líderes de nenhuma comunidade, que parecem ter ódio do povo, e que, em épocas eleitorais, se misturam com o povo, e se repetem no poder por vários anos, fazendo do cargo público um patrimônio ardilosamente particularizado. O resultado é essa enxurrada de notícias de corrupção com enriquecimento de alguns malandros, que entram pobres e saem ricos do poder. Quando alguém questiona o eleitor ele responde friamente com indiferença: “Tanto faz votar em um ou em outro candidato, é tudo igual”.
A solução para essa situação de quase escravidão política seria a transformação das divisas geradas pelos turistas, em investimento maciço na profissionalização e geração de postos de trabalho legalizado para os moradores locais, de forma a distribuir rendas e permitir a independência psicológica, do eleitor, para que livremente ele escolha melhores políticos para a construção de um futuro melhor para todos e não somente para alguns.

Se um dia desses o eleitor do litoral resolver não mais vender o voto, e não votar em quem não mereça confiança plena, o elefante terá descoberto uma forma de ele ser o dono do circo. O circo das cidades precisa deixar de se um espetáculo da promiscuidade e da falta de respeito pelo interesse coletivo e passar a ser o circo da alegria, da felicidade e da tranqüilidade do povo como um conjunto interessante de pessoas que se assemelham ao filho de Deus. Aliás, filho de Deus deve ser o povo e não os familiares dos malandros exploradores da fé ingênua e romântica do cidadão que aceita as migalhas que caem dentre os dedos da safadeza pública. O litoral não precisa só de obras de cimento, mas de trabalho, emprego e dignidade.

Nenhum comentário: