A cidade de Caraguatatuba tem um
histórico de cidade politicamente incorreta. Os seus gestores, salvo raríssimas
exceções foram pessoas oriundas das elites econômicas, que viram na cidade uma
única vocação, a de agradar os turistas para que voltem e gerem divisas para a
sobrevivência dos moradores locais. Os moradores locais, sempre estiveram a
reboque de um turismo nada técnico, nada organizado e nada produtivo, se
observado do ponto de vista da distribuição de rendas. As famílias locais sobrevivem
praticamente da caridade dos políticos que os indicam para empregos junto às
empresas prestadoras de serviços que deveriam ser realizados pela própria
municipalidade, como limpeza pública, obras, creches, e alguns outros serviços
que só são conseguidos se algum político sem escrúpulo participar da indicação.
Essa promiscuidade pública torna o cidadão refém eleitoral e o resultado é a
repetição de erros eleitorais que levam ao poder políticos sem qualquer
identidade popular. Pessoas que nunca foram líderes de nenhuma comunidade, que
parecem ter ódio do povo, e que, em épocas eleitorais, se misturam com o povo, e
se repetem no poder por vários anos, fazendo do cargo público um patrimônio
ardilosamente particularizado. O resultado é essa enxurrada de notícias de
corrupção com enriquecimento de alguns malandros, que entram pobres e saem
ricos do poder. Quando alguém questiona o eleitor ele responde friamente com
indiferença: “Tanto faz votar em um ou em outro candidato, é tudo igual”.
A solução para essa situação de
quase escravidão política seria a transformação das divisas geradas pelos
turistas, em investimento maciço na profissionalização e geração de postos de
trabalho legalizado para os moradores locais, de forma a distribuir rendas e
permitir a independência psicológica, do eleitor, para que livremente ele
escolha melhores políticos para a construção de um futuro melhor para todos e
não somente para alguns.
Se um dia desses o eleitor do
litoral resolver não mais vender o voto, e não votar em quem não mereça
confiança plena, o elefante terá descoberto uma forma de ele ser o dono do
circo. O circo das cidades precisa deixar de se um espetáculo da promiscuidade
e da falta de respeito pelo interesse coletivo e passar a ser o circo da
alegria, da felicidade e da tranqüilidade do povo como um conjunto interessante
de pessoas que se assemelham ao filho de Deus. Aliás, filho de Deus deve ser o
povo e não os familiares dos malandros exploradores da fé ingênua e romântica
do cidadão que aceita as migalhas que caem dentre os dedos da safadeza pública.
O litoral não precisa só de obras de cimento, mas de trabalho, emprego e
dignidade.
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