Há algum tempo, eu li uma
entrevista do jornalista Carlos Heitor Cony ao Chico Xavier, em que este, ao
ser indagado do porquê da existência de tantos conflitos sociais no mundo, o Chico
respondeu com a simplicidade que lhe era peculiar, que o problema é a
intolerância. Uns agridem os outros porque são de cor ou raça diferente, porque
são de religiões diferentes ou pela orientação sexual.
Dizia ele que se a tolerância
fosse observada os conflitos seriam menos comuns.
Hoje eu ouvi no rádio uma notícia
que dava conta de que um par de mulheres gays estavam em um restaurante em São
Paulo, capital, e passaram a fazer trocas de carícias e beijos, o que fez com
que alguns clientes reclamassem juto ao gerente, dizendo-se desconfortáveis com
as cenas já que se faziam acompanhar de vários membros de uma família do tipo
tradicional e que não conseguiam conviver com o fato. O gerente dirigiu-se à mesa
das duas mulheres e solicitou que tivessem cuidado para não incomodarem aos
demais clientes que estavam reclamando. Uma delas respondeu que “os incomodados
que se mudem”. O gerente ponderou que se isso acontecesse o prejuízo da casa
seria enorme já que os incomodados eram muitos clientes. A mulher se dispôs
chamar a polícia para os clientes que se diziam incomodados.
Eis uma situação da mais profunda
reflexão, que precisa ser discutida até que essas questões sejam resolvidas no
seio da sociedade.
Partindo-se da hipótese de que
poderia tratar-se de um grupo religioso que tivesse ido comemorar algum
acontecimento importante naquele local, não seria justo imaginar que deveria
prevalecer a vontade das duas mulheres em detrimento de tantos outros
fregueses, ou diante do interesse da empresa que necessita da clientela para
sobreviver. Ali a minoria estava em grande desvantagem.
Pensar que isso é homofobia é
ignorar que a cultura do brasileiro de inteligência mediana tem em seu
patrimônio cultural a dificuldade de conviver com essa novidade que é a
manifestação pública do comportamento gay. Claro que homossexualidade é tão
antiga quanto a humanidade, mas publicamente ela é novidade e ainda agride a uma
infinidade de pessoas que estavam acostumadas a entender como normais somente
os heteros que formam casais de homem com mulher.
Lembrando o falecido Chico
Xavier, não seria oportuno afirmar que os homossexuais precisam ter calma para
que as pessoas possam se acostumar com essa nova realidade?
Se isso for o mais conveniente,
então pode-se afirmar que forçar a barra em situações específicas pode não ser
o mais interessante e a sensatez indica que os pares do mesmo sexo devem agir
com paciência e inteligência na conquista do seu espaço social sem agressões
aos que pensam diferente.
Homofobia não é isso. Homofobia é
não permitir a entrada de gays em ambiente público, não permitir a matrícula de
gay em escola, ou em clubes sociais ou ainda, agredir alguém só porque é gay. Isto é homofobia, enquanto que não
conseguir conviver com situações inusitadas não pode ser considerado crime, mas
resistência cultural. Os gays sabem que vai demorar para que a sociedade se acostume com certas situações. Calma e caldo de galinha sempre fazem bem.
João Lúcio Teixeira
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