Em reunião de cúpula realizada
nesta semana, o PT- Partido dos Trabalhadores decidiu contratar uma pesquisa de
abrangência nacional para avaliar as razões que estão levando parte
significativa do povo brasileiro a rejeitar o petismo como doutrina política.
Tem ocorrido agressões a petistas, agressões verbais à Dilma, uma votação
medíocre aos candidatos do estado de São Paulo como o Suplicy e o Padilha. Há
vários fatores que podem estar influindo nesse fenômeno, que podem ser o
mensalão, a Petrobrás, mas há que entenda que a insatisfação possa ser
decorrente do desgaste político natural desse toma lá dá cá, que tem sido
praticado junto ao congresso nacional. Esperava-se do PT um governo forte e sem
negociatas tão explícitas pelo menos.
É altamente louvável a iniciativa
de fazer a tal pesquisa porque isso demonstra a humildade da direção partidária
que aceita a hipótese do desgaste e quer saber o que fazer para evitar que se
agrave ainda mais a situação. Nenhum partido brasileiro tem mostrado essa
preocupação com a marca da legenda, e é o caso do DEM que de grande ficou
pequeno, ou do PMDB que é grande mas não é uma unidade firmada em torno da
sigla, ou do PSDB que tem grupos internos que dividem o peso do partido, ou de
outras legendas que já foram grandes e já não são mais. O PFL que virou DEM e
agora representa pouco no cenário nacional. O PT está correto ao tentar cuidar
da legenda, porque não haverá lugar para os petistas importantes em outros
partidos e todos os que deixaram o partido minguaram, com raras exceções. O Lula
está encabeçando esse movimento de restauração do prestígio da legenda antes
que seja tarde demais, e enquanto detém parte importante dos cargos importantes
no cenário nacional.
A pergunta que não encontra
resposta, é a que indaga como seria o Brasil sem o PT. O que iria restar em
termos de sigla partidária para compor o conglomerado político do Brasil? Uma salada de frutas sem banana.
Quem serviria de paradigma para
os que não gostam do petismo? Será que o PSDB ocuparia o espaço, será que o
PMDB faria esse papel? Difícil, porque a nova tendência, se houver, virá da esquerda e certamente não será nenhuma dessas legendas desgastadas.
Viu-se recentemente um movimento
popular em São Paulo, que iniciou com cerca de cinco mil pessoas,
mas que no momento que uma parte do movimento pedia o “impeachment” da Dilma,
um terço do movimento foi desgarrando e seguiu para um lado. No momento em que
uma outra parte do movimento pedia intervenção militar no Brasil houve nova
divisão e o movimento que era um virou três, e perdeu completamente o sentido.
Os movimentos populares de junho de
2013 não tiveram prosseguimento pela falta de liderança e de objetivos claros
ou bem definidos. Era uma espécie de anarquia desorganizada e por isso não teve
continuidade.
O mundo discutia comunismo e
capitalismo quando existia o Império Russo que foi demolido pela própria
natureza e sem o paradigma o mundo perdeu referências importantes. Agora o que
se discute, não é a forma do estado, mas o combate à corrupção.
O Brasil sem o petismo seria uma
espécie de bandeira brasileira sem o verde ou sem o a azul, ou mesmo sem
estrelas. Ia faltar algo importante nos debates sobre política pública.
O que seria do Corinthians sem o
Palmeiras, Santos ou São Paulo?
Segundo Lulu Santos o mundo é
composto de bem e mal, bom e ruim, feio e bonito e assim é que se constroem os
debates que vão produzir a luz do fim do túnel.
Dá pra entender que a iniciativa
de estudar os problemas da legenda petista e diagnosticar os seus males é uma
atitude inteligente como se esperaria de um partido que nasceu de inteligências
das elites de esquerda misturada ao peso popular do trabalhador organizado. Por
falar em elites de esquerda, a principal indagação dos dirigentes petistas é a
perda de contato da legenda com essa comunidade inteligente que vem se
afastando do PT.
Não quero que achem que estou
defendendo o PT de quem nunca fui filiado, mas que entendam a utilidade da
existência de partidos fortes na política nacional. Melhor o partido forte com
problemas do que a inexistência de partidos fortes. Atualmente o único partido
de esquerda (meio descaracterizado, mas nascido das esquerdas) que pode fazer
frente aos representantes do capitalismo ortodoxo é o PT que precisa lutar pela
sua preservação. A iniciativa de pesquisar a opinião pública é oportuna. Seria
bom que outras legendas se fortalecessem para contracenar com o petismo e para
se tornarem opções caso o povo um dia se canse do PT. O que não é saudável é o aparecimento de
lideranças populistas ao invés de siglas. Isso é muito perigoso, porque pode
dar origem a Hugos Chaves, Fidéis, Castelos Brancos, Pinochet e outras
aberrações que se põem no lugar das siglas e viram problemas nacionais porque
quando estão prestes a morrer querem deixar o país de herança aos seus filhos e
parentes.
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