segunda-feira, 24 de novembro de 2014

O PT QUER SABER OS MOTIVOS DA SUA CRESCENTE REJEIÇÃO

Em reunião de cúpula realizada nesta semana, o PT- Partido dos Trabalhadores decidiu contratar uma pesquisa de abrangência nacional para avaliar as razões que estão levando parte significativa do povo brasileiro a rejeitar o petismo como doutrina política. Tem ocorrido agressões a petistas, agressões verbais à Dilma, uma votação medíocre aos candidatos do estado de São Paulo como o Suplicy e o Padilha. Há vários fatores que podem estar influindo nesse fenômeno, que podem ser o mensalão, a Petrobrás, mas há que entenda que a insatisfação possa ser decorrente do desgaste político natural desse toma lá dá cá, que tem sido praticado junto ao congresso nacional. Esperava-se do PT um governo forte e sem negociatas tão explícitas pelo menos.
É altamente louvável a iniciativa de fazer a tal pesquisa porque isso demonstra a humildade da direção partidária que aceita a hipótese do desgaste e quer saber o que fazer para evitar que se agrave ainda mais a situação. Nenhum partido brasileiro tem mostrado essa preocupação com a marca da legenda, e é o caso do DEM que de grande ficou pequeno, ou do PMDB que é grande mas não é uma unidade firmada em torno da sigla, ou do PSDB que tem grupos internos que dividem o peso do partido, ou de outras legendas que já foram grandes e já não são mais. O PFL que virou DEM e agora representa pouco no cenário nacional. O PT está correto ao tentar cuidar da legenda, porque não haverá lugar para os petistas importantes em outros partidos e todos os que deixaram o partido minguaram, com raras exceções. O Lula está encabeçando esse movimento de restauração do prestígio da legenda antes que seja tarde demais, e enquanto detém parte importante dos cargos importantes no cenário nacional.
A pergunta que não encontra resposta, é a que indaga como seria o Brasil sem o PT. O que iria restar em termos de sigla partidária para compor o conglomerado político do Brasil? Uma salada de frutas sem banana.
Quem serviria de paradigma para os que não gostam do petismo? Será que o PSDB ocuparia o espaço, será que o PMDB faria esse papel? Difícil, porque a nova tendência, se houver, virá da esquerda e certamente não será nenhuma dessas legendas desgastadas. 
Viu-se recentemente um movimento popular em São Paulo, que iniciou com cerca de cinco mil pessoas, mas que no momento que uma parte do movimento pedia o “impeachment” da Dilma, um terço do movimento foi desgarrando e seguiu para um lado. No momento em que uma outra parte do movimento pedia intervenção militar no Brasil houve nova divisão e o movimento que era um virou três, e perdeu completamente o sentido.
Os movimentos populares de junho de 2013 não tiveram prosseguimento pela falta de liderança e de objetivos claros ou bem definidos. Era uma espécie de anarquia desorganizada e por isso não teve continuidade.
O mundo discutia comunismo e capitalismo quando existia o Império Russo que foi demolido pela própria natureza e sem o paradigma o mundo perdeu referências importantes. Agora o que se discute, não é a forma do estado, mas o combate à corrupção.
O Brasil sem o petismo seria uma espécie de bandeira brasileira sem o verde ou sem o a azul, ou mesmo sem estrelas. Ia faltar algo importante nos debates sobre política pública.
O que seria do Corinthians sem o Palmeiras, Santos ou São Paulo?
Segundo Lulu Santos o mundo é composto de bem e mal, bom e ruim, feio e bonito e assim é que se constroem os debates que vão produzir a luz do fim do túnel.
Dá pra entender que a iniciativa de estudar os problemas da legenda petista e diagnosticar os seus males é uma atitude inteligente como se esperaria de um partido que nasceu de inteligências das elites de esquerda misturada ao peso popular do trabalhador organizado. Por falar em elites de esquerda, a principal indagação dos dirigentes petistas é a perda de contato da legenda com essa comunidade inteligente que vem se afastando do PT.

Não quero que achem que estou defendendo o PT de quem nunca fui filiado, mas que entendam a utilidade da existência de partidos fortes na política nacional. Melhor o partido forte com problemas do que a inexistência de partidos fortes. Atualmente o único partido de esquerda (meio descaracterizado, mas nascido das esquerdas) que pode fazer frente aos representantes do capitalismo ortodoxo é o PT que precisa lutar pela sua preservação. A iniciativa de pesquisar a opinião pública é oportuna. Seria bom que outras legendas se fortalecessem para contracenar com o petismo e para se tornarem opções caso o povo um dia se canse do PT.  O que não é saudável é o aparecimento de lideranças populistas ao invés de siglas. Isso é muito perigoso, porque pode dar origem a Hugos Chaves, Fidéis, Castelos Brancos, Pinochet e outras aberrações que se põem no lugar das siglas e viram problemas nacionais porque quando estão prestes a morrer querem deixar o país de herança aos seus filhos e parentes.

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