quarta-feira, 21 de outubro de 2015

ILUMINAÇÃO NOTURNA CARA E INÚTIL

Da janela de vidro do apartamento do décimo quarto andar, eu tinha uma visão que permitia visualizar metade da cidade grande, depois de levantar-me meio sem sono, por volta da três da manhã. Parei na sala em frente a um vidro muito transparente e olhei atentamente aquela imensa quantidade de lâmpadas acesas a iluminarem o nada.
A cidade de São José dos Campos, tem como característica principal tratar-se de cidade operária repleta de indústrias onde as pessoas circulam durante o dia e dormem durante a noite, deixando as ruas completamente desertas de pessoas e veículos.
Permaneci por meia hora olhando o vazio sem que nenhum movimento fosse observado, nem de ônibus, automóveis, motocicletas, nem pessoas, formando tudo um vazio completo, mas bem iluminado por milhões de lâmpadas.
Há alguns meses as cidades brasileiras, aproveitando a emenda constitucional aprovada sob pressão de prefeitos que se dirigiram à Brasília e conseguiram que fosse aprovada uma emenda que permitiu a criação de uma aberração jurídica denominada de “contribuição de iluminação pública” que pode ser instituída pelas prefeituras para que elas paguem a conta da iluminação das ruas durante a noite.
O tributo foi denominado de contribuição, mas tem todas as características de taxa, já que imposto não poderia ser. Fizeram um exercício mental e conseguiram aprovar algo que o Código Tributário Nacional não previa. Contribuição foi a palavra mágica mesmo que inadequadamente utilizada.
Umas prefeituras cobram de uma forma outras de outras formas, algumas cobram mais e outras menos, o que prova que a emenda constitucional para ter eficácia deveria ser regulamentada por lei federal que estabelecesse critérios de igualdade dentre todos os municípios. Isso não ocorreu, mas as prefeituras instituíram as “taxas” com base no consumo residencial que nada tem a ver com a iluminação das ruas.
Olhei todas as lâmpadas acesas durante a noite sem nada iluminarem, lembrei da “taxa” e resolvi escrever este texto pensando que o povo está pagando caro, por um serviço sem nenhuma utilidade prática já que ilumina o nada.
Se o problema for de segurança pública, fica difícil achar que os criminosos vão deixar de existir por conta da luz, se os crimes são praticados diariamente tanto sob a luz do sol como dos postes.

Ai eu, um cidadão comum que dorme à noite a se movimenta durante o dia, pensei se não seria o caso de equiparem os postes com sensores que acendem e apagam segundo a aproximação de pessoas ou veículos em movimento. Tomei como exemplo as moradias em que as luzes são apagadas durante a noite enquanto as pessoas dormem. Claro que isso é só uma “viagem” da minha mente sonhadora, que observa os fatos e imagina soluções. Se não há movimentação de pessoas, não há necessidade de iluminação. Afinal pra que iluminar o nada? As empresas que exploram a comercialização de energia elétrica estão vendendo um produto extremamente caro que não tem, praticamente, nenhuma utilidade. 

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