segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

OS RISCOS DOS GASTOS EXCESSIVOS EM CAMPANHAS ELEITORAIS

As alterações que foram inseridas na legislação eleitoral fazem crer que os adeptos de campanhas milionárias podem ter dificuldades para “comprarem” os resultados neste ano de 2016. A legislação impôs limites da ordem de 100 mil reais para o custeio de campanha para eleição e prefeito em cidades de até dez mil habitantes, e de 10 mil reais para vereadores, o que serve de parâmetro para projeções das cidades com mais habitantes, que devem ser consideradas segundo o úmero de habitantes. Partindo dessa premissa, temos que imaginar que os candidatos que costumavam gastar vários milhões na certeza de que poderiam recuperar os gastos depois de eleitos, estarão com dificuldades para contabilizar valores altos. Há, na cabeça do povo, a certeza de que eles sempre contabilizaram menos do que de fato gastaram, e que, portanto, vão continuar fazendo o mesmo. Ocorre que nas eleições passadas, uma forma de dar origem aos gastos era o financiamento sem limites vindos de empresas privadas, o que neste ano não será permitido. Sem o dinheiro abundante da máfia empresarial ligada às prestações de serviços a órgãos públicos, as doações particulares, de pessoas físicas, não poderão ultrapassar os limites bem rasos dos percentuais sobre a renda anual bruta declarada à receita federal no ano anterior.
Empresas não podem mais doar nenhum valor, e aqueles valores exorbitantes de milhões,  que acabava permitindo um inchaço na contabilidade de campanha deixam de existir, e as pessoas físicas não podem doar além do baixo percentual, cerca de 10% dos rendimentos brutos auferidos no ano anterior ao das eleições. As verbas de empresas permitiam aos candidatos a prefeito realizarem campanhas de três ou mais milhões para serem eleitos em cidades de pequeno porte e depois, logicamente essas empresas “doadoras” acabavam retirando de volta com lucro, os valores que haviam doado.
Isso implica dizer que a única saída será a sonegação de despesas, o que irá tornar a contabilidade de campanha muito menor do que costumeiramente era. A sonegação de despesa poderá fazer com que pessoas eleitas acabem não conseguindo tomar posse por terem as suas contas rejeitadas na justiça.
Se houver impugnações fundadas em relação a possíveis abusos eleitorais, poderemos ter um recorde de candidatos eleitos que não conseguirão tomar posse. Os partidos menores estão se organizando para vigiarem de perto possíveis abusos e se o ministério público eleitoral for firme, as eleições de prefeito e de vereadores serão mais sérias no Brasil.
Os vereadores, também terão os mesmos problemas porque não passa de dez mil reais o valor permitido em pequenas cidades, o gasto nas eleições. Há notícias de vereadores que se elegiam em cidades medianas com gastos de milhão de reais, ou metade disso, que estarão sob a mira dos adversários que se impugnarem os excessos não contabilizados, poderão impedir que os gastadores consigam se eleger.
Além disso, os amigos de candidatos poderão doar, mas certamente não vão querer os seus nomes contidos em prestação de contas de eleição já a “lava jato” tem assustado muita gente por ai.

O Brasil parece caminhar para um melhor equilíbrio entre as possibilidades de cada candidato nas disputas eleitorais.

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