quarta-feira, 9 de março de 2016

A HISTÓRIA PODE ESTAR SE REPETINDO

A HISTÓRIA PODE ESTAR SE REPETINDO
O texto abaixo foi extraído do Portal Infoescola, e mostra que sempre que grandes grupos sociais se confrontam, o resultado final pode ser alguma mudança drástica no sistema político. Em 1964 o confronto entre os trabalhadores das lavouras de cana de açúcar e de café, movimento denominado de Ligas Camponesas, capitaneadas pelo Partido Comunista Brasileiro, mais tarde convertido em PPS- Partido Popular Socialista, atualmente na oposição ao governo federal do PT, culminou com a intervenção militar de 64, que somente foi destituída cerca de 20 anos depois. Agora estamos vendo que o conflito não é no campo, mas pode ser nas metrópoles e a indignação de ambos os lados, os que aderem ao governo petista e os que são contrários, está aumentando e o fomento desse ódio pode desaguar em correntezas turbulentas.
As organizações contrárias ao governo, marcaram passeata para a avenida paulista no próximo dia 13 de maio, mas os grupos favoráveis ao governo fizeram o mesmo, e marcaram atividades de rua para o mesmo local e horário.
O confronto entre os dois grupos pode deflagrar o acirramento que ninguém pode avaliar ao certo como se desenvolverá. Outros países como a Venezuela tiveram experiências sangrentas em épocas recentes, com mortes de civis em confrontos de rua, entre grupos políticos polarizados. No Brasil, se não houver intervenção militar contra os trabalhadores, pode ser que a coisa se inverta, e ao final, ao contrário do que ocorreu em 64, sejam os burgueses os perdedores e aquela estúpida perseguição que foi implementada contra os chamados comunistas, seja agora contra a burguesia e seus patrimônios. A luta tem que ter um vitorioso, e será que a burguesia está preparada para ganhar desta vez caso haja confronto de ideias?
A situação atual, não é para brincadeira porque os movimentos sociais proletários estão no governo. Quem tem juízo não acirra essa guerra.
A história não mente:
“As Ligas Camponesas surgiram em 1946 e foram importantes defensores da reforma agrária no país antes da Ditadura Militar.
O Partido Comunista do Brasil (PCB) iniciou um movimento rural ainda na vigência do regime autoritário de Getúlio Vargas, quando, no cenário internacional, ocorria a Segunda Guerra Mundial. Naquela ocasião o partido ainda existia legalmente e possuía articulação suficiente para criar Ligas Camponesas unindo trabalhadores rurais em várias cidades do Brasil. Assim, o PCB buscava aumentar seu número de eleitores e também revelar os interesses dessa classe de trabalhadores, podendo organização a luta por seus direitos. Mas, apesar da legalidade do partido, as ligas já sofriam com a repressão das autoridades.
Com a queda do governo ditatorial de Getúlio Vargas e a eleição de Eurico Gaspar Dutra para presidente uma nova Constituição foi promulgada em 1946. Entre outras coisas, o Brasil alinhava-se com os Estados Unidos no contexto internacional da nascente Guerra Fria e se posicionava contra os socialistas da União Soviética. A nova postura do Estado colocou o PCB na ilegalidade. As Ligas Camponesas foram abafadas e só voltaram a agir em 1954 na cidade de Vitória de Santo Antão. Desta vez, os objetivos eram auxiliar os camponeses com despesas funerárias, prestar assistência e formar uma cooperativa de crédito. Essa liga em específico foi nomeada como Sociedade Agrícola e Pecuária de Plantadores de Pernambuco (SAPPP). Tão logo foi acusada de objetivos políticos socialistas, foi proibida de agir na região e atacada para ser dissolvida à força. Seus integrantes resistiram e encontraram apoio jurídico para institucionalizar a associação, atuando legalmente a partir de 1955.
A SAPPP foi logo identificada como uma Liga Camponesa e, aos poucos, foi se espalhando pelo interior do estado de Pernambuco. Aumentava, assim, o coro pela reforma agrária. A ação da SAPPP conquistou muitos seguidores e militantes por todo o nordeste brasileiro, com direito a repercussão nacional e internacional. O movimento foi rapidamente associado aos eventos que vinham ocorrendo na época em Cuba.
As Ligas Camponesas foram importantes representantes dos interesses dos trabalhadores rurais, unindo grande parte deles e apresentando propostas para o futuro do país. Suas ideias reformistas, contudo, eram associadas ao temor socialista que os países opositores tinham na época. Na década de 1960 as tensões aumentaram no país e culminaram com o Golpe Militar de 1964. O novo regime promoveu intensa caça aos partidários ou simpatizantes dos movimentos identificados como de esquerda. Vários membros de Ligas Camponesas foram presos ou assassinados, juntamente com lideranças do PCB.”

João Lúcio Teixeira

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