sábado, 12 de março de 2016

MST ESTÁ INSATISFEITO COM O GOVERNO DILMA

Em entrevista à Rádio BBC-Brasil, o dirigente do MST- Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, João Pedro Stédile, demonstrou a insatisfação do movimento em relação ao governo Dilma, que é, por eles, considerado um governo que não está conseguindo agradar a ala do que chamam de reacionária de direita e nem a ala dos socialistas de esquerda, que, em sua maioria elegeram a Dilma e nela depositaram as suas esperanças de que fossem aceleradas as políticas que favorecem os interesses dos mais pobres, como a reforma agrária.
Segundo Stédile, Dilma paralisou as ações que visavam a justa distribuição de terras, os assentamentos foram deixados de lado e, ultimamente, com os cortes de verbas que visavam reduzir despesas, ela atingiu setores delicados da expectativa esquerdista.
Entende que ainda há tempo para recuperar o apoio dos setores populares que se afastaram, mas que podem voltar a apoiar a sua permanência no governo, que em nenhuma hipótese deve ser interrompido de forma abrupta em desrespeito ao voto popular. Ainda que estejam insatisfeitos, não irão deixar de lutar pela permanência de Dilma a té o final do seu mandato, mas isso poderia, segundo ele, inviabilizar a volta de Lula, que é o principal desejo dessas forças populares.
Para Stédile a Dilma deveria melhorar a sua performance para que seja possível a vitória de Lula em 2018, ainda que o MST se diga distante de qualquer participação em partidos políticos. 
Tem ele a impressão de que o acirramento do conflito pode desestruturar o país que está de certo modo em equilíbrio social, mas que poderá voltar a ter problemas se os líderes políticos do atual sistema de governo forem injustiçados ou perseguidos injustamente. 
Eis um pequeno trecho da entrevista, quando foi perguntado sobre a ideia de uma nova constituinte para reformar a constituição brasileira::

BBC Brasil - O que proporia nesta Constituinte?

Stédile - Os movimentos populares já estão discutindo há muito tempo a plataforma de uma nova política. Em primeiro lugar, nenhum financiamento privado, nem de pessoas, nem de empresas. Gastos de campanha têm que ser com recursos públicos e controlados. O sistema de candidatura tem que ser feito de modo que os candidatos reflitam a sociedade brasileira.
Se tem 58% de negros na sociedade, lá tem que ter 58% de negros. Se há 52% de mulheres, lá tem que ter 52% de mulheres. E assim sucessivamente. Tem que ter critérios para que os eleitos cumpram seus programas. E, se os eleitores não estiverem satisfeitos, que haja um mecanismo de caçar o mandato dele mediante votação, valendo tanto para parlamentares quando no Executivo.
Tem que ter uma correção da representação dos deputados por Estado. Hoje, um voto do Acre vale por 38 paulistas. Temos que reorganizar o sistema de representação para que esteja de acordo com o número de votantes, e não por estado. 

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