Segundo Stédile, Dilma paralisou as ações que visavam a justa distribuição de terras, os assentamentos foram deixados de lado e, ultimamente, com os cortes de verbas que visavam reduzir despesas, ela atingiu setores delicados da expectativa esquerdista.
Entende que ainda há tempo para recuperar o apoio dos setores populares que se afastaram, mas que podem voltar a apoiar a sua permanência no governo, que em nenhuma hipótese deve ser interrompido de forma abrupta em desrespeito ao voto popular. Ainda que estejam insatisfeitos, não irão deixar de lutar pela permanência de Dilma a té o final do seu mandato, mas isso poderia, segundo ele, inviabilizar a volta de Lula, que é o principal desejo dessas forças populares.
Para Stédile a Dilma deveria melhorar a sua performance para que seja possível a vitória de Lula em 2018, ainda que o MST se diga distante de qualquer participação em partidos políticos.
Tem ele a impressão de que o acirramento do conflito pode desestruturar o país que está de certo modo em equilíbrio social, mas que poderá voltar a ter problemas se os líderes políticos do atual sistema de governo forem injustiçados ou perseguidos injustamente.
Eis um pequeno trecho da entrevista, quando foi perguntado sobre a ideia de uma nova constituinte para reformar a constituição brasileira::
BBC Brasil - O que proporia nesta Constituinte?
Stédile -
Os movimentos populares já estão discutindo há muito tempo a plataforma
de uma nova política. Em primeiro lugar, nenhum financiamento privado,
nem de pessoas, nem de empresas. Gastos de campanha têm que ser com
recursos públicos e controlados. O sistema de candidatura tem que ser
feito de modo que os candidatos reflitam a sociedade brasileira.
Se
tem 58% de negros na sociedade, lá tem que ter 58% de negros. Se há 52%
de mulheres, lá tem que ter 52% de mulheres. E assim sucessivamente.
Tem que ter critérios para que os eleitos cumpram seus programas. E, se
os eleitores não estiverem satisfeitos, que haja um mecanismo de caçar o
mandato dele mediante votação, valendo tanto para parlamentares quando
no Executivo.
Tem que ter uma
correção da representação dos deputados por Estado. Hoje, um voto do
Acre vale por 38 paulistas. Temos que reorganizar o sistema de
representação para que esteja de acordo com o número de votantes, e não
por estado.
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