Pessoas que me conhecem sabem que eu fui
radialista durante quase dez anos nas três principais emissoras da cidade de
Caraguatatuba, e apresentava programas jornalísticos. A minha indignação em
relação à corrupção sempre foi notada já que eu tratava desses assuntos com
certa severidade.
Uma frase que eu sempre falava, não
conseguia dos ouvintes a credibilidade que eu esperava encontrar, mas eu fazia
questão de repeti-la sempre.
"Não
sou jovem, mas tenho certeza que ainda vou ver o Brasil livre dos
corruptos".
Na rua, eu ouvia críticas que chegavam ao
ponto de intitular-me de sonhador, romântico, e até de bobo por acreditar em Papai
Noel, diziam eles. Tinha até um advogado que exerce função pública de grau
elevado que achava que eu estava perdendo o meu tempo em me preocupar tanto com
o combate à corrupção. Hoje o chefe dele está para ser preso e ele deve achar
que eu não estava tão fora assim dos meus sentidos.
É verdade que o poder dos políticos eleitos
pelo voto estava totalmente contaminado e as investigações policiais,
especialmente a operação denominada de "lava jato", desenvolvida pela
polícia federal, estão mostrando que era isso mesmo, e que parecia impossível
mudar o trágico quadro da ladroagem nacional. Isso dava aos meus ouvintes de
rádio a certeza de que nunca seria possível combater a tantos corruptos.
Talvez, na minha condição de advogado, além de economista e jornalista, eu
estivesse conseguindo ver que a justiça ainda estava viva e poderia ser o
grande instrumento da salvação nacional. Não deu outra, e o Supremo Tribunal
Federal assumiu o seu dever de salvador da pátria com medidas que estão
recolocando a política brasileira nos eixos.
O governo federal exercido pela Dilma e o
PT- Partido dos Trabalhadores, não resistiu à pressão das ruas e o assédio do
poder legislativo, e acabou ferido de morte com um processo de
"impeachment" que se não tem a sua legalidade absolutamente
defensável, não resistiu ao assédio dos deputados e dos partidos de oposição
que se uniram para derrotar e derrubar a presidente. Sem entrar no mérito da
questão, pode-se entender que o enfraquecimento do poder da presidente é
problema conjuntural que ela não conseguiu administrar ou não quis, ou não conseguiu
faze-lo e o resultado é o seu afastamento do cargo. O fato é que a presidente
não conseguiu satisfazer a vontade dos deputados e senadores e por isso deixou
de receber o apoio político de que necessitava para seguir governando. O seu
poder tornou-se insustentável.
No mesmo momento que a presidente estava
sendo afastada do cargo pelo poder legislativo, o presidente da câmara dos
deputados, Eduardo Cunha foi afastado da presidência e do mandato de deputado
federal, pelo Supremo Tribunal Federal, que se apresenta como última instância
da esperança da nação brasileira. Com a saída do presidente da câmara, fato
nunca ocorrido antes na história desse país, como diria o Lula que também está
sofrendo constrangimentos por conta de acusações de abuso de poder, ou de
equívocos no poder, a política brasileira atinge um estágio importante na
chamada limpeza ambiental da politicagem sem limites.
Ao que parece, não vai parar por ai, e o
povo brasileiro parece estar sentindo certo alívio vendo crescer a esperança.
Entretanto, como cautela e caldo de galinha não fazem mal, melhor esperarmos os
próximos capítulos dessa belíssima novela que se escreve na história do Brasil,
cuja constituição federal diz que “o poder emana do povo e será exercido por
representantes eleitos pelo voto direto e secreto”. O que se deseja é que o
brasileiro deixe de eleger bandidos, a começar pelas eleições de prefeitos e
vereadores a serem realizadas neste ano de 2016. Se aprenderem a eleger
vereadores e prefeitos decentes, estarão dando início a um processo de expurgo
ou de defecção eleitoral, que vai criar no futuro novos deputados e demais
gestores de uma política digna para todos nós. O povo tem o poder de decretar o
fim da era dos cinquenta reais por voto.
João Lúcio Teixeira – MTB- 83.284
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