ONDE ANDA A INSPIRAÇÃO “BRASILEIRISTA”?
Nos últimos dias eu me surpreendi confuso sobre o que
escrever para publicar no meu blog que existe há cerca de dez anos desde a
primeira edição. Os meus textos sempre versaram sobre política em forma de
crítica aos desmandos e as mazelas dos gestores públicos em geral.
PATRIOTA CONVICTO |
Ai, eu percebi que o tema perdeu a graça a partir do momento
em que todas as mídias nacionais, escrita, televisada e falada, passaram a
divulgar os resultados das operações da polícia federal que vem desvendando os
mistérios da corrupção. São políticos presos e soltos, delações premiadas em
que uns entregam os outros, e o tema virou algo que nem telefone celular que
todo mundo tem acesso. Banalizou-se o tema.
Há uns dez anos eu já falava nos meus programas de rádio, que
ainda iria ver o Brasil livre dos corruptos, e na rua me chamavam de poeta,
sonhador, inocente político, e muito mais, só porque eu acreditava que os
corruptos iriam pra cadeia. Desde que eles começaram a ser presos e afastados dos
cofres públicos, a usarem tornozeleiras eletrônicas e coisas assim, eu fiquei
sem assunto. Perdi o mote.
Então hoje eu acordei e fiz uma comparação das minhas
manifestações de indignação com as manifestações dos artistas brasileiros, nos anos
sessenta, Caetano, Gil, Vandré, Ivan, Rita, Milton, Taiguara e outros, que tinham
enormes doses de inspiração quando havia ditadura e que depois de passado o
pesadelo, eles ficaram sem assunto. Nunca mais se fez algo do tipo “Coração de
estudante”, música que marcou a morte do Tancredo, ou “Caminhando contra o
vento” cujo título é “Alegria Alegria”, que marcaram a era dos festivais de música
popular brasileira. Acabou a ditadura acabou a inspiração, tal qual acontece
agora, quando se aproxima o fim da era da corrupção, dos malandros que se
elegem com dinheiro roubado dos cofres públicos, e dos espertalhões que desviam
dinheiro da merenda escolar, da saúde, da educação, através de contratos
safados.
A gente fica feliz porque eles estão sendo presos, mas ao
mesmo tempo, ficamos como os filhos de pais que morrem ou de pais que são
presos e deixam os filhos sem proteção. O Pior é que estamos sentindo que não temos
nada de bom pra colocar no lugar desses bandidos. Ressalvem-se os políticos honestos.
Perdemos as referências e eles, os desonestos, perderam a liberdade de
roubarem sem ser notados, mas a nossa inspiração de escrever, assim como a de
votar, estão em crise. O eleitor está sem rumo e o escritor sem inspiração.
Votar em quem, e escrever o que?
Isso mostra que todo o fim de era, gera um vazio que o
brasileiro está experimentando atualmente. Estamos enjoados de política e a
nossa motivação bem merecia que a palavra “política” fosse banida do dicionário
e substituída por algum termo menos nojento.
O que esses bandidos fizeram conosco!
João Lúcio Teixeira
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