HOMOSSEXUALISMO NÃO É DOENÇA
O Brasil está debatendo uma
questão que vem tomando grande vulto nos últimos tempos, com a homossexualidade
no centro das discussões. A mídia tem explorado o tema de maneira ampla, mas
não há como pacificar entendimento sobre o que seja a origem cientifica do homossexualismo
em suas várias formas ou gêneros.
Freud, o inventor da psicanálise
afirmava no início do século passado que todas as ações ou pulsões de vida do
ser humano têm origem na libido desde os primeiros momentos de vida, e isso
gerou, nas primeiras décadas do século XX, certa indignação da classe médica e
da sociedade como um todo que entendia ser absurdo falar-se em sexualidade na infância.
Como se vê, é antiga a discussão sobre sexo e mesmo depois de tantos anos,
continua a incerteza sobre as causas dos desvios sexuais que passam por
inúmeras variações e a cada tempo surge uma nova denominação de um novo gênero.
Nascem apenas duas espécies em se tratando do corpo físico, quais sejam, o
masculino e o feminino, mas no decorrer da vida alguns indivíduos assumem comportamento
diferente do que seria considerado como normal. Um homem deseja ser mulher e
uma mulher deseja ser homem, alguns querem ser os dois e assim a sexualidade
vai se diversificando.
A ciência médica tratava essas
variações como doenças até pouco tempo atrás, e decidiu retirar da lista de
doenças classificadas pela Organização Mundial de Saúde, o homossexualismo e
isso é fato recente. As religiões, tratavam como pecado a sexualidade praticada
fora do âmbito do relacionamento entre sexos opostos.
O fato é que as questões ligadas
a sexualidade são, no modo de ver de Freud, questões de profunda importância no
mundo pessoal de cada um, e mexem com o psiquismo, mesmo que se trate de sexo
tradicional. Uma “brochada” pode render a necessidade de tratamento médico ou
psicológico, dependendo da pessoa e da forma que ela ocorra, assim como a
ejaculação precoce, a disfunção erétil, a frigidez que podem ser de natureza física
ou podem ser somatizações psicológicas que refletem no corpo. Há neste mundo
maravilhoso, mas complexo do sexo, inúmeras situações que provocam distúrbios mentais
e causam sofrimento psíquico porque o fracasso ou a ideia de fracasso sexual
desconforta e desestabiliza o aparelho mental.
O Conselho Nacional de
Psicologia, expediu recentemente uma resolução que proíbe os psicólogos de
tratarem os homossexuais que desejam tratamento por se sentirem desconfortáveis
na sua sexualidade “gay”, o que acontece também com qualquer pessoa não “gay”.
Estava certo, a partir de então, que os psicólogos não poderiam atender essas
pessoas sob pena de perderem a credencial, mesmo que elas o procurassem pedindo
ajuda profissional por se sentirem desconfortáveis com a sua vida sexual. O psicólogo assim como o psicanalista, não
tratam de doenças físicas, não receitam remédios e nem praticam quaisquer atos
ligados a corpo físico, portanto, não operam medicina. Eles tratam apenas da mente
confusa, doentia ou fragilizada de forma a contribuírem para que as pessoas
consigam viver pacificamente com os seus problemas, sejam eles de qualquer
natureza. Em muitas ocasiões pessoas procuram atendimento psicológico ou psicanalítico para
resolverem dificuldades mentais de convivência com fracassos sexuais no
casamento tradicional e esses profissionais conseguem ajudar os sujeitos a
aprender conviver com as dificuldades de forma tranquila e sem o sofrimento que
muitas vezes é somatizado e sai da mente para se transformar em paralisia de
membros, gagueiras, dores de cabeça, tonturas, ou seja, a mente confusa pode
causar problemas como a falta de ereção, dificuldades para se chegar ao orgasmo, que
podem ser sintomas de problemas mentais e não essencialmente físicos.
Partindo desse raciocínio pode se
admitir que um homossexual possa estar com problemas de natureza mental por
conta de dificuldades na atividade sexual e necessite de ajuda para entender
melhor a sua queixa e da mesma forma que um dia resolveu ser “gay” pode estar
em dúvida se quer ou não seguir em frente, ou modificar o seu comportamento
sexual, ou quem sabe, aceitar sem sofrer a sua homossexualidade e viver feliz
com ela. Se todas as pessoas com problemas sexuais podem se socorrer do apoio
psicológico porque o homossexual não pode tratar-se com a mesma liberdade das
outras pessoas?
Há uma impropriedade no trato
dessa questão quando se diz que homossexualismo não é doença, mas o que a psicologia
e psicanálise tratam não é a questão física do homossexual que pode usar o seu
corpo do jeito que bem entender, e pode até suicidar se desejar, mas o que
essas profissões tratam é dos males que a sexualidade mal resolvida pode causar
na mente humana e o desconforto natural que afeta alguém que esteja com
dificuldades de conseguir uma atuação prazerosa na sua vida sexual seja ele heterossexual
ou homossexual.
Um Juiz de Brasília acaba de
conceder uma liminar autorizando os psicólogos a desobedecerem a resolução do
conselho que proíbe o atendimento dos “gays” e o tema está na justiça para ser dirimido
de vez. A liminar não resolve definitivamente o caso, mas permite que enquanto
dure o processo na justiça os psicólogos possam atender os que buscarem ajuda
em seus consultórios. Ao final a justiça decidirá se a resolução do conselho é
legal ou não e se for julgada ilegal perderá a efetividade.
O que deve ser levado em conta
nesse caso não é a questão do homossexualismo ser doença ou não ser doença, mas
sim a questão ligada às perturbações mentais que uma vida sexual mal resolvida possa
provocar na mente humana.
João Lúcio Teixeira – Adepto da
psicanálise
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