Na televisão uma matéria sobre
pessoas que não conseguiam ficar fora da internet. De tal modo se envolveram,
que estar fora da conexão significava uma espécie de estar fora do mundo ou
fora da vida. Viviam o tempo todo teclando, ou no celular, ou no computador.
O fato tem sido tratado como uma
espécie de doença que pode se equiparar ao alcoolismo, droga ou outras formas
de alienação incontrolável. A matéria da televisão destacou o caso de uma
mulher de pouco mais de 30 anos que de tanto se conectar acabou perdendo o
contato com o filho, perdeu o marido e perdeu o emprego. Estava internada em
uma clínica de tratamento especializado tentando recuperar a sua liberdade.
O tratamento envolvia o mínimo de
três meses sem uso de celular e computador, e ela acabou redescobrindo que a
vida é possível sem nada disso.
Eu uso diariamente a internet,
mas tenho conseguido exercer o controle sobre meus momentos de utilização
racional do instrumento de comunicação mais importante dos últimos tempos. Faço
uso comedido e isso não me faz mal. Ainda bem.
No entanto, tenho observado
algumas pessoas e vejo nelas o perigo de entrarem no mundo virtual e não mais
conseguirem voltar. No Parque Santos Dumont, próximo ao meu apartamento,
caminho costumeiramente quando estou em São José dos Campos, observei duas
pessoas que caminhavam no mesmo horário que eu, por volta das 7 da noite. Um
rapaz de uns 40 anos, empurrava o filho de um ano mais ou menos em um carrinho
enquanto caminhava, e na outra mão teclava desesperadamente ao celular, e nem
prestava atenção no trajeto do bebê. O pai levava o filho, mas não estava nem
um pouco preocupado com a relação pai e filho. Dei uma volta e quando
reencontrei o mesmo cidadão ele estava empurrando filho, com a mesma mão de
antes e a outra mão segurava o telefone junto ao ouvido. Ele não passeava com o
filho, mas sim com o celular. Qualquer dia o filho vai ligar pra ele pra pedir
a mamadeira, pensei.
Lembrei da mesma matéria da
televisão que mostrou duas amigas em uma mesa que conversavam através a tela do
celular.
Saí do parque e no trajeto da
minha casa passei por um bar com mesas na calçada, um violão tocando MPB, e em
uma das mesas externas um casal, ele com uns 50 e ela com uns 40, pareciam
namorados, cada um com um celular ligado na mão olhando para a tela do
aparelho.
Será que desligam o celular
quando vão transar?
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