quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

A DOENÇA DA INTERNET

Na televisão uma matéria sobre pessoas que não conseguiam ficar fora da internet. De tal modo se envolveram, que estar fora da conexão significava uma espécie de estar fora do mundo ou fora da vida. Viviam o tempo todo teclando, ou no celular, ou no computador.
O fato tem sido tratado como uma espécie de doença que pode se equiparar ao alcoolismo, droga ou outras formas de alienação incontrolável. A matéria da televisão destacou o caso de uma mulher de pouco mais de 30 anos que de tanto se conectar acabou perdendo o contato com o filho, perdeu o marido e perdeu o emprego. Estava internada em uma clínica de tratamento especializado tentando recuperar a sua liberdade.
O tratamento envolvia o mínimo de três meses sem uso de celular e computador, e ela acabou redescobrindo que a vida é possível sem nada disso.
Eu uso diariamente a internet, mas tenho conseguido exercer o controle sobre meus momentos de utilização racional do instrumento de comunicação mais importante dos últimos tempos. Faço uso comedido e isso não me faz mal. Ainda bem.
No entanto, tenho observado algumas pessoas e vejo nelas o perigo de entrarem no mundo virtual e não mais conseguirem voltar. No Parque Santos Dumont, próximo ao meu apartamento, caminho costumeiramente quando estou em São José dos Campos, observei duas pessoas que caminhavam no mesmo horário que eu, por volta das 7 da noite. Um rapaz de uns 40 anos, empurrava o filho de um ano mais ou menos em um carrinho enquanto caminhava, e na outra mão teclava desesperadamente ao celular, e nem prestava atenção no trajeto do bebê. O pai levava o filho, mas não estava nem um pouco preocupado com a relação pai e filho. Dei uma volta e quando reencontrei o mesmo cidadão ele estava empurrando filho, com a mesma mão de antes e a outra mão segurava o telefone junto ao ouvido. Ele não passeava com o filho, mas sim com o celular. Qualquer dia o filho vai ligar pra ele pra pedir a mamadeira, pensei.
Lembrei da mesma matéria da televisão que mostrou duas amigas em uma mesa que conversavam através a tela do celular.
Saí do parque e no trajeto da minha casa passei por um bar com mesas na calçada, um violão tocando MPB, e em uma das mesas externas um casal, ele com uns 50 e ela com uns 40, pareciam namorados, cada um com um celular ligado na mão olhando para a tela do aparelho.

Será que desligam o celular quando vão transar?

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