Conversei com dois membros importantes do PT em
Caraguatatuba, e ouvi uma frase que me preocupou de certo modo. Disseram que a
palavra de ordem dentro da agremiação é “vamos ressuscitar” o partido.
Ressurreição sugere a restituição da vida a algo que estaria
morto, e o PT não pode estar morto em nenhum cantinho do Brasil, porque é a
legenda de maior abrangência política no país. Morto ele não está e “ressuscitar”
não cabe no debate.
Comentei com eles que a legenda do PT é a marca mais forte
do país atualmente, mais significativa do que a marca Corinthians, Flamengo,
Petrobrás, e muitas mais, dado o número de militantes do partido e a sua
penetração nas camadas organizadas da sociedade civil trabalhadora. Cada militante
do partido tem o dever sagrado de não se deixar cair em tentação para preservar
a importância social do partido no país.
Muitos criticam algumas práticas de membros do partido, mas
se retirarem o PT do cenário político brasileiro, não haverá nada para se por no
lugar, pelo menos por ora. Se o PT
estivesse morto como disseram os meus interlocutores, a desesperança do
brasileiro seria muito maior.
Depois daquela conversa, eu pensei na hipótese de como seria
o Brasil, se não houvesse a organização partidária que ocupa o centro do poder
político. O cenário político brasileiro seria uma grande paisagem verde com uma
enorme área queimada no meio. Um buraco negro que prejudicaria a imagem no seu
todo.
Os que criticam o mensalão não elogiam as conquistas sociais
que de fato são importantes, como a redução da miséria e da fome, com a mesma
bolsa “pobreza” que dizem ser politiqueira, mas que já existia antes e fora aprimorada.
O Brasil é mais humano do que era antes e isso nunca mais poderá ser retirado
da nossa coletividade.
Sugiro aos amigos do PT de Caraguá que eliminem essa palavra
ressuscitar do seu argumento, e a substituam por algo menos sarcástico, como
revigorar, retomar a linha reta de conduta política, reconstruir partes
doentias, ou algo semelhante. Eu não sou petista e nunca fui, mas tenho um
respeito enorme pela sigla e pela maioria de seus mentores. É o único partido
grande que tem identidade definida, ainda que arranhada por alguns membros
menos cuidadosos ou menos comprometidos com defesa do patrimônio que fora
amealhado pela sigla nessas décadas de existência. Feridas são para serem tratadas, ainda que o remédio seja amargo ou que se tenha que cortar a própria carne para eliminar os males. Quem acha ruim com o PT, precisa imaginar que o Brasil poderia ser muito pior sem ele.
João Lúcio Teixeira
Um comentário:
eu não diria que om PT está morto, diria que está nos estertores da morte eminente.
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