domingo, 8 de março de 2015

CIDADES DO LITORAL PODEM VIRAR VENEZUELA

O Lula foi eleito presidente do Brasil numa legenda, que vinha praticando a política vocacionada à esquerda, e quando falamos em esquerda queremos usar como separador dos campos esquerda e direita, o capital e o trabalho. O dono da empresa e os empregados que se põem historicamente em situação de oposição ideológica, com o capitalista achando que a fábrica lhe pertence, portanto ele manda e o resto obedece e do outro lado o trabalhador que entende que sem a sua mão-de-obra a fábrica vai parar e o capital irá deteriorar. A nós parece bem clara essa conceituação de esquerda e direita. Se o capital manda sem resistência, ele abusa do poder e se o proletariado domina o poder sem oposição consistente ele acaba fazendo bobagem como já se fez na Albânia, Venezuela e Cuba, e ainda se faz hoje em algumas regiões do mundo. Outra opção, fora dessas duas é o governo religioso que é pior, mais nefasto, violento e perseguidor.
Quem se aprofundar na filosofia de estado vai perceber que sem o pobre (trabalho) não se progride e sem dinheiro (as fábricas) não há empregos, e que, portanto, as duas vertentes precisam conviver de forma harmoniosa, para o bem de todos e deixarem a religião fora do poder político. O Lula nesse quesito mostrou uma enorme capacidade de conviver com o Fidel, Chaves, Morales, Bachelet, mas do outro lado, convivia perfeitamente bem com o Obama, que até apelidou o Lula de “O cara”.
Lula era recebido pelo Obama, o que a Dilma ainda não conseguiu fazer, talvez por excesso de pudor ideológico, e quem sabe essa falta de disposição institucional não seja o seu principal calo político?
O estadista consciente recebe e visita a todas as pessoas e instituições em nome da nação que ele representa, sem submeter-se a nenhuma delas, e não faz distinções entre formas de governo com o qual vai se relacionar.
Na América do Sul há a tendência de alguns países que desejam instalar governos de esquerda, o que alguns chamam de governos bolivarianos, que pregam ódio aos norte-americanos, e amor a um ideal que não permitiu a Cuba e Venezuela, evoluírem em favor de seus próprios habitantes.
Cuba investiu no ser humano, e isso não se pode negar que o cubano seja um povo mais educado e escolarizado do que o brasileiro, por exemplo, mas ao mesmo tempo, Cuba não gerou um modelo econômico que permitisse ao seu povo uma vida confortável e feliz. Hoje o povo cubano luta para ter acesso ao conforto e à liberdade pessoal.
A Venezuela, está na pior crise que se poderia vivenciar, com filas para compra de água potável, de fraudas, sabonetes, pasta de dente, e alimentos, que não são produzidos no país, o mesmo país que produz petróleo abundantemente. O petróleo que comprava tudo, caiu de preço pela metade, no mercado mundial e já não compra mais o que comprava antes. O Hugo Chaves que falava mais que a boca, deveria ter previsto isso e construído um parque industrial que atendesse no mínimo o mercado interno. Morreu e levou para o túmulo a culpa que é só sua, e não é do imperialismo Ianque, como dizia. Ora, um sistema de governo que não promove a produção de bens de consumo cotidiano, relacionado à alimentação e higiene de seu povo, é um governo equivocado, cuja única preocupação sempre foi combater o seu pretenso inimigo o imperialismo norte americano, que segundo os idiotas pregadores que dominam o poder, é o responsável pela desgraça venezuelana e de outros países “bolivarianos”. É como o pastor que vive culpando o diabo pela infelicidade dos fiéis infiéis.
Cubano tenta fugir para os estados unidos e os venezuelanos gostariam de viver em algum lugar onde haja fraudas, água, sabonete e pasta de dente.
A Dilma, andou piscando o olho para esses governos radicais de países inexpressivos da vizinhança, mas parece ter percebido que o Lula estava mais certo ao conviver indistintamente com todas as formas de governo, em nome da nação que representa e não das cores de alguma bandeira.
O Brasil precisa produzir mais bens de consumo, e para tal necessita dos mercados compradores não importa de que natureza sejam os seus governos, porque isso vai incentivar o crescimento da nossa economia, gerar empregos, distribuir renda e fazer do brasileiro um povo autossuficiente, que trabalha, produz e consome, além de vender o excedente.
As prefeituras brasileiras também precisam aprender a construir os seus planos econômicos de incentivo à produção, trabalho e evolução social. Ao contrário disso, os prefeitos só andam atrás de dinheiro para obras, matando o capital que poderia ser investido em produção, como se levasse pra panela a galinha dos ovos de ouro.
Os prefeitos são quase todos iguais. Acham que só serão importantes se houver muitas placas de obras pregadas por ai, numa falta de Inteligência institucional como se alguém gastasse tudo o que ganha reformando a casa, ou trocando os carros, e não financiasse o estudo dos seus filhos. No fim, todo mundo “burro” atrás de empregos públicos de favor.
Caraguatatuba já é bem assim, Ubatuba e São Sebastião e Ilhabela também, todos como a Venezuela que nada produzem, não geram empregos, não distribuem rendas e vivem esperando que os turistas os venham socorrer.  Praticam um turismo amador e não inclusivo, predador, e de pouco resultado prático. Depois dizem que a culpa é do governo federal, quando o turista não aparece.
São verdadeiras Venezuelas litorâneas com péssimos indicadores de desenvolvimento humano e social, que vão sucumbir se os turistas não comparecerem.
O que vale pra eles tem que valer pra nós. Ou as cidades do litoral produzem e geram trabalho e distribuição de renda, ao invés de gastarem tudo com obras de mármore e granito, ou acabarão nas filas da Venezuela se o turista lhes faltar.

João Lúcio Teixeira

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