O Lula foi eleito presidente do
Brasil numa legenda, que vinha praticando a política vocacionada à esquerda, e
quando falamos em esquerda queremos usar como separador dos campos esquerda e
direita, o capital e o trabalho. O dono da empresa e os empregados que se põem historicamente
em situação de oposição ideológica, com o capitalista achando que a fábrica lhe
pertence, portanto ele manda e o resto obedece e do outro lado o trabalhador
que entende que sem a sua mão-de-obra a fábrica vai parar e o capital irá
deteriorar. A nós parece bem clara essa conceituação de esquerda e direita. Se
o capital manda sem resistência, ele abusa do poder e se o proletariado domina
o poder sem oposição consistente ele acaba fazendo bobagem como já se fez na Albânia,
Venezuela e Cuba, e ainda se faz hoje em algumas regiões do mundo. Outra opção,
fora dessas duas é o governo religioso que é pior, mais nefasto, violento e
perseguidor.
Quem se aprofundar na filosofia
de estado vai perceber que sem o pobre (trabalho) não se progride e sem
dinheiro (as fábricas) não há empregos, e que, portanto, as duas vertentes
precisam conviver de forma harmoniosa, para o bem de todos e deixarem a
religião fora do poder político. O Lula nesse quesito mostrou uma enorme
capacidade de conviver com o Fidel, Chaves, Morales, Bachelet, mas do outro
lado, convivia perfeitamente bem com o Obama, que até apelidou o Lula de “O
cara”.
Lula era recebido pelo Obama, o
que a Dilma ainda não conseguiu fazer, talvez por excesso de pudor ideológico,
e quem sabe essa falta de disposição institucional não seja o seu principal
calo político?
O estadista consciente recebe e
visita a todas as pessoas e instituições em nome da nação que ele representa,
sem submeter-se a nenhuma delas, e não faz distinções entre formas de governo
com o qual vai se relacionar.
Na América do Sul há a tendência
de alguns países que desejam instalar governos de esquerda, o que alguns chamam
de governos bolivarianos, que pregam ódio aos norte-americanos, e amor a um
ideal que não permitiu a Cuba e Venezuela, evoluírem em favor de seus próprios habitantes.
Cuba investiu no ser humano, e isso
não se pode negar que o cubano seja um povo mais educado e escolarizado do que
o brasileiro, por exemplo, mas ao mesmo tempo, Cuba não gerou um modelo
econômico que permitisse ao seu povo uma vida confortável e feliz. Hoje o povo
cubano luta para ter acesso ao conforto e à liberdade pessoal.
A Venezuela, está na pior crise
que se poderia vivenciar, com filas para compra de água potável, de fraudas,
sabonetes, pasta de dente, e alimentos, que não são produzidos no país, o mesmo
país que produz petróleo abundantemente. O petróleo que comprava tudo, caiu de
preço pela metade, no mercado mundial e já não compra mais o que comprava
antes. O Hugo Chaves que falava mais que a boca, deveria ter previsto isso e construído
um parque industrial que atendesse no mínimo o mercado interno. Morreu e levou
para o túmulo a culpa que é só sua, e não é do imperialismo Ianque, como dizia.
Ora, um sistema de governo que não promove a produção de bens de consumo
cotidiano, relacionado à alimentação e higiene de seu povo, é um governo equivocado,
cuja única preocupação sempre foi combater o seu pretenso inimigo o
imperialismo norte americano, que segundo os idiotas pregadores que dominam o
poder, é o responsável pela desgraça venezuelana e de outros países “bolivarianos”.
É como o pastor que vive culpando o diabo pela infelicidade dos fiéis infiéis.
Cubano tenta fugir para os
estados unidos e os venezuelanos gostariam de viver em algum lugar onde haja
fraudas, água, sabonete e pasta de dente.
A Dilma, andou piscando o olho
para esses governos radicais de países inexpressivos da vizinhança, mas parece
ter percebido que o Lula estava mais certo ao conviver indistintamente com
todas as formas de governo, em nome da nação que representa e não das cores de
alguma bandeira.
O Brasil precisa produzir mais
bens de consumo, e para tal necessita dos mercados compradores não importa de
que natureza sejam os seus governos, porque isso vai incentivar o crescimento
da nossa economia, gerar empregos, distribuir renda e fazer do brasileiro um
povo autossuficiente, que trabalha, produz e consome, além de vender o
excedente.
As prefeituras brasileiras também
precisam aprender a construir os seus planos econômicos de incentivo à
produção, trabalho e evolução social. Ao contrário disso, os prefeitos só andam
atrás de dinheiro para obras, matando o capital que poderia ser investido em
produção, como se levasse pra panela a galinha dos ovos de ouro.
Os prefeitos são quase todos
iguais. Acham que só serão importantes se houver muitas placas de obras
pregadas por ai, numa falta de Inteligência institucional como se alguém
gastasse tudo o que ganha reformando a casa, ou trocando os carros, e não financiasse
o estudo dos seus filhos. No fim, todo mundo “burro” atrás de empregos públicos
de favor.
Caraguatatuba já é bem assim, Ubatuba
e São Sebastião e Ilhabela também, todos como a Venezuela que nada produzem,
não geram empregos, não distribuem rendas e vivem esperando que os turistas os
venham socorrer. Praticam um turismo amador
e não inclusivo, predador, e de pouco resultado prático. Depois dizem que a
culpa é do governo federal, quando o turista não aparece.
São verdadeiras Venezuelas
litorâneas com péssimos indicadores de desenvolvimento humano e social, que vão
sucumbir se os turistas não comparecerem.
O que vale pra eles tem que valer
pra nós. Ou as cidades do litoral produzem e geram trabalho e distribuição de renda, ao invés de gastarem tudo
com obras de mármore e granito, ou acabarão nas filas da Venezuela se o
turista lhes faltar.
João Lúcio Teixeira
Nenhum comentário:
Postar um comentário