Nos anos 60 os países da América
do Sul passaram por grandes mudanças nas suas organizações políticas, já que a
guerra fria travada silenciosamente entre Rússia e Estados Unidos, gerava
efeitos práticos nesses países, com cada potência pretendendo influir na
região. Era o “comunismo” russo contra o “capitalismo” americano e o povo da
América do Sul no meio do fogo cruzado.
Uma ditadura no Brasil, outra no
Uruguai, na Argentina, no Chile e assim a região se via sobressaltada pelo medo
enquanto eram submetidas a governos implantados pela força sob o patrocínio
financeiro do capitalismo que temia perder os aliados aqui da América. As
ditaduras matavam em nome da liberdade, ou matavam em nome da luta pela
liberdade que cada lado entendia válida a seu juízo. Muitas vidas foram
ceifadas e pessoas desapareceram para nunca mais serem vistas.
![]() |
PRESIDENTE POPULAR PELA SEGUNDA VEZ |
Esquerda era o modelo russo,
direita era o modelo americano, o primeiro se identificava como defensor dos
trabalhadores ou do proletariado, termo mais utilizado, e o outro era defensor
da liberdade dos lucros dos empreendimentos privados, o que se denominou de
capitalismo. Quem tinha dinheiro achava que deveria mandar e quem tinha a força
do trabalho achava que tinha o direito de participar das decisões e de
participar nos lucros dos negócios porque sem a força do trabalho não haveria
lucros. Esse embate persiste até hoje de forma mais moderna e mais refinada,
porque a violência passou a ser combatida. O capitalista já não consegue ter
escravos, os trabalhadores já recebem o tal PLR – Participação no Lucros e
Resultados, mesmo que os capitalistas continuem comandando os negócios.
![]() |
LECH WALESA POLÔNIA |
Na Polônia deu-se o primeiro
grande exemplo de governo do proletariado, da era moderna, experiência de
resultados contestados já que o presidente popular Lech Walesa, dirigente
sindical que virou governante, não teve forças para fazer valer a novidade que
à época assustava o mundo. Veja-se o filme “A revolução dos bichos”, que bem
mostra as dificuldades de se manter a simplicidade quando se assume o poder. O porco,
assim que virou primeiro ministro passou a achar injusto um ministro morar em
um chiqueiro, e ai começa a derrocada do sistema.
![]() |
LULA E DILMA BRASIL ATUAL |
![]() |
JOSÉ MUJICA O PRESIDENTE MAIS POBRE DO MUNDO URUGUAI |
No Brasil o Lula, egresso de uma
vertente semelhante conseguiu dar sentido à ideia de que reduzir as diferenças
sociais não é algo impossível, e acaba no final favorecendo o próprio
capitalismo que passa a contar com novos consumidores a partir do momento em
que o pobre deixa de ser tão pobre. O governo popular no Brasil está agora com dificuldades
por conta da economia que não anda bem. O fato é que a Dilma, diferente do Lula,
passou a se comportar de forma parecida com os governos capitalistas e ao invés
de medir os resultados do seu governo pelas conquistas populares, passou a dar ênfase
excessivo à economia que não pode ser o mais importante parâmetro de um governo
popular. O mais importante para esse tipo de governo são os indicadores sociais
como a redução da pobreza, o combate à fome, universidade para todos, agua para
todos, primeiro em prego, minha casa minha vida, mortalidade infantil, que eram
os parâmetros usados pelo Lula para medir os resultados do seu governo. A Dilma
está disputando prestígio político no campo dos partidos de direita, na
economia, e lá a vantagem está sendo deles, os seus opositores, já que a
economia por mais que não vá tão mal, uma redução do PIB da ordem de 3% é
explorada pelas oposições como a pior crise econômica do país, é assunto que
muito importa à burguesia. O fato é que a Bachelet no Chile que governa o país
pela segunda vez, está conseguindo a confiança da população justamente porque
trabalha os indicadores que favorecem a igualdade de oportunidades em favor dos
pobres que são a grande massa que elege governantes.
A verdade é que o Brasil passou
nos últimos anos por grandes mudanças na sua escala social. A miséria
brasileira já não é tão miserável, e a pobreza já não é tão pobre.
Os da direita lutam para voltarem
ao poder enquanto que os da esquerda desejam continuar no governo, e quem vai
resolver o que é mais importante é o povo que no ano daqui a um ano vai às
urnas para eleger prefeitos e vereadores. O mais importante instrumento da
transformação é o voto popular que se eleger vereadores e prefeitos
comprometidos com as lutas sociais estará apostando no quanto melhor, melhor, e
se os bandidos eleitorais forem banidos do poder a esperança voltará a imperar
no peito do cidadão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário