Um senador da república é, na conformação do estado
democrático brasileiro, uma autoridade revestida de poderes e prerrogativas que
têm por objeto a organização da república. Os senadores são eleitos pelo povo
em voto direto e secreto, e cada estado brasileiro tem três representantes no
senado o que, em tese seria o principal pilar de sustentação da democracia. A
câmara dos deputados federais é o outro núcleo de poder composto de 513 senhores deputados, todos escolhidos pelo voto direto e secreto para comporem o
outro lado da balança político-administrativa da nação, hoje formada por cerca
de 204 milhões de cidadãos brasileiros. O conjunto é denominado de sistema bicameral
com os 513 deputados de um lado, e os 81 senadores do outro, que quando em
momentos de grandes decisões de caráter nacional, se juntam e formam o
congresso nacional com poderes de mudar a constituição e influírem com
profundidade nas correlações de interesses do povo do Brasil e até cassar o
mandato do presidente da república.
O processo de escolha desses políticos é o mais perfeito dos
já idealizados porque permite ao povo em perfeita privacidade, quando nas urnas,
escolher os seus governantes sem influências e sem patrulhamento.
Teoricamente, tudo está perfeito e o Brasil seria em tese uma
grande democracia a ser observada pelo resto do mundo civilizado. Melhor do que
as políticas ditatoriais de Cuba ou Venezuela, melhor que as políticas dos
governos totalitários dos países produtores de petróleo, melhor do que as
políticas de cunho religioso que matam em nome de Deus e não permitem o voto
direto. Tudo estaria bem se não fosse o trágico quadro político que vivencia o
Brasil na atualidade, com os políticos escolhidos pelo voto direto sendo
desmascarados pelas investigações da polícia federal na bem fadada operação “lava-jato”.
“Mataram” em tese o Joaquim Barbosa, mas, das suas cinzas assim como na fábula
da Fênix, um pássaro da mitologia grega que depois de morto entrava em
combustão e renascia das próprias cinzas, surgiu o Juiz Moro, e outros juízes
também federais se mostram capazes de enfrentar o descarado roubo coletivo
instalado na política brasileira.
A construção civil e o sistema bancário, são os principais
canais de desvio de verbas públicas, superfaturamento de obras públicas,
remessa ilegal de dinheiro para fora do país, envolvendo deputados e senadores
que são descobertos com enormes fortunas depositadas em bancos de outros países.
O povo paga uma enorme carga de tributos, e não recebe de volta os serviços que
deveria receber como educação de qualidade, saúde pública eficiente, segurança
e outros, porque grande parte da arrecadação é desviada por políticos,
banqueiros e empresários inescrupulosos.
As últimas notícias mostram, empresários de empresas
importantes no cenário da construção civil, na cadeia, presos por terem pago
propina para ganharem concorrências públicas das grandes obras, deputados,
senadores, ex-ministros, e agora banqueiros, todos na cadeia por terem formado
grandes quadrilhas especializadas em roubo do bem público. Ai falam em derrubar
a presidente da república como forma de punir os corrutos. Será que a saída da
Dilma teria como resultado o fim da corrupção, ou será que a sua saída poderia
permitir a volta da impunidade da bandidagem oficial?
Ela é a causa da corrupção ou é a causa do combate a
corrupção? Tenho dúvidas.
Será razoável imaginar-se que o brasileiro seja “burro”, por
deter o poder do voto e usá-lo para eleger bandidos?
O fato é que o Brasil tem jeito e o jeito passa pelo voto na
urna, que, se depositado com responsabilidade, vai marcar o fim dos bandidos na
política, com Dilma ou sem Dilma, mas com a polícia federal trabalhando do
jeito que trabalha atualmente e as polícias civis estaduais forem dotadas de
nova doutrina e com novas prerrogativas. No dia em que as polícias civis dos
estados forem dotadas da autonomia da polícia federal de hoje, e os delegados
estaduais tiverem a mesma garantia de independência do ministério público, as
prefeituras e câmaras de vereadores vão virar coisa séria e o Brasil começará a
expelir os seus vermes intestinais. São lombrigas, esses políticos que roubam
para serem eleitos e são reeleitos porque roubam, num círculo vicioso sem
precedentes. Os governadores, prefeitos e presidente da república, se houver
vereador, deputado e senador, todos sérios, serão fiscalizados por estes
membros dos legislativos que devem ser os fiscais do povo. Ai sim, não vão
conseguir roubar nem deixar que roubem mais nenhum centavo do idiota eleitor
brasileiro que, vai poder vangloriar-se da democracia brasileira.
Atenção: Esse exercício começa no ano que vem com a escolha
de vereadores e prefeitos que não sejam politicamente viciados. Se não
soubermos retirar as nossas lombrigas das câmaras e prefeituras, que estão aqui,
em baixo do nosso nariz, não poderemos reclamar de nada nem de Brasília, nem da
capital do nosso estado. Seria bom se a imprensa nos ajudasse, mostrando a
verdadeira face de cada candidato. A imprensa tem esse poder e só não usa se
estiver também envolvida na quadrilha.
João Lúcio Teixeira
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