quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

FACEBOOK PODE CURAR A SOLIDÃO

Um desconforto na vista, fez com que eu procurasse o médico oftalmologista para certificar-me do que realmente se tratava. Fui ao consultório do Dr. Carlos Bijos, com quem me trato há muitos anos e logo fui diagnosticado com “tersol”, menos mal. Em seguida como sempre acontece um papo ainda que rápido, mas de importância inquestionável, que, desta vez versou sobre as redes sociais.
O médico se disse um usuário, não doentio, da rede e que lhe faz bem comunicar com parentes e amigos com os quais o contato pessoal não tem sido possível na proporção desejada. Entretanto acabamos concluindo que o “facebook” pode provocar um enorme engano aos menos avisados que se comunicam sem sair de casa, engolidos pela sua própria solidão, com inúmeros participantes, todos também solitários que se imaginam cheios de amigos, mas que na realidade, nem conhecem a maioria das pessoas do mundo virtual, com as quais se comunicam sob o manto da fictícia "amizade". No mundo real, amigo é aquele com quem se convive, troca confidências, e com quem se pode contar nos momentos mais difíceis. Amigo, no mundo real, é aquele que permanece na nossa cabeceira quando estamos enfermos e ora pelo nosso restabelecimento em forma de "corpo presente".
Do outro lado, no mundo virtual todo mundo que escreve qualquer coisa virou amigo, e um jeito fácil de se achar importante, é quando os viventes solitários postam alguma foto ou comentário mesmo que vazios, e algumas pessoas “curtem” ou “compartilham”, mesmo que sejam apenas algumas, ou um pouco mais. Isso é suficiente para fazer crescer a sensação de que a vida social está a pleno vapor.  
O fenômeno da sensação de popularidade, acaba inibindo os antigos sentimentos de solidão e de culpa que acometiam os ermitões, deixados em algum canto pelos parentes e antigos amigos, depois que a convivência pessoal tenha se tornado chata ou indesejável.
De um lado, a rede faz muito bem a quem tenha amigos de verdade separados por motivos alheios, ou a quem tenha parentes queridos que se ausentaram em busca de algum futuro melhor ou necessário, que, contando com as facilidades de comunicação da internet, reduzem os efeitos da distância. Do outro lado, a rede faz bem também aos que tenham dificuldades em convivência social e tenham dificuldades de manter ou de fazer amigos reais, que acabam substituídos pelos amigos virtuais, nem sempre conhecidos ou talvez nunca vistos in natura.
Na rede, os amigos surgem e desaparecem com um simples toque de dedo, tornando a ilusão quase realidade. Ainda assim o “facebook” pode substituir com vantagem aos sentimentos de solidão que quase sempre desaguavam em alguma forma de depressão ou tristeza.
Ai, terminou a consulta e eu fui em busca de um colírio na farmácia real e não virtual, já que eu não poderia amenizar o meu desconforto com um simples toque de dedo no teclado.
João Lúcio Teixeira

Mtb 80.445/SP

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