Um desconforto na vista, fez com
que eu procurasse o médico oftalmologista para certificar-me do que realmente
se tratava. Fui ao consultório do Dr. Carlos Bijos, com quem me trato há muitos
anos e logo fui diagnosticado com “tersol”, menos mal. Em seguida como sempre
acontece um papo ainda que rápido, mas de importância inquestionável, que,
desta vez versou sobre as redes sociais.
O médico se disse um usuário, não
doentio, da rede e que lhe faz bem comunicar com parentes e amigos com os quais
o contato pessoal não tem sido possível na proporção desejada. Entretanto acabamos
concluindo que o “facebook” pode provocar um enorme engano aos menos avisados
que se comunicam sem sair de casa, engolidos pela sua própria solidão, com
inúmeros participantes, todos também solitários que se imaginam cheios de
amigos, mas que na realidade, nem conhecem a maioria das pessoas do mundo
virtual, com as quais se comunicam sob o manto da fictícia "amizade". No mundo real, amigo é aquele com quem se convive, troca confidências, e com quem se pode contar nos momentos mais difíceis. Amigo, no mundo real, é aquele que permanece na nossa cabeceira quando estamos enfermos e ora pelo nosso restabelecimento em forma de "corpo presente".
Do outro lado, no mundo virtual todo mundo que escreve qualquer coisa virou amigo, e um jeito fácil de se achar
importante, é quando os viventes solitários postam alguma foto ou comentário mesmo que
vazios, e algumas pessoas “curtem” ou “compartilham”, mesmo que sejam apenas algumas,
ou um pouco mais. Isso é suficiente para fazer crescer a sensação de que a vida
social está a pleno vapor.
O fenômeno da sensação de
popularidade, acaba inibindo os antigos sentimentos de solidão e de culpa que acometiam
os ermitões, deixados em algum canto pelos parentes e antigos amigos, depois
que a convivência pessoal tenha se tornado chata ou indesejável.
De um lado, a rede faz muito bem
a quem tenha amigos de verdade separados por motivos alheios, ou a quem tenha
parentes queridos que se ausentaram em busca de algum futuro melhor ou
necessário, que, contando com as facilidades de comunicação da internet, reduzem os efeitos da distância. Do outro lado, a rede faz bem também aos que tenham dificuldades
em convivência social e tenham dificuldades de manter ou de fazer amigos reais,
que acabam substituídos pelos amigos virtuais, nem sempre conhecidos ou talvez
nunca vistos in natura.
Na rede, os amigos surgem e
desaparecem com um simples toque de dedo, tornando a ilusão quase realidade.
Ainda assim o “facebook” pode substituir com vantagem aos sentimentos de solidão
que quase sempre desaguavam em alguma forma de depressão ou tristeza.
Ai, terminou a consulta e eu fui
em busca de um colírio na farmácia real e não virtual, já que eu não poderia amenizar o meu desconforto com um simples toque de dedo no teclado.
João Lúcio Teixeira
Mtb 80.445/SP
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