Ontem o Brasil foi às ruas em protesto contra o atual sistema
de governo federal, e contra a corrupção que vem sendo descoberta pelo povo, em
todos os seus níveis de poder. Foram cerca de três milhões de pessoas às ruas,
certamente o maior protesto político até hoje ocorrido no país, já que
ultrapassa em números o movimento “diretas já” de 1983-1984, que havia levado
às ruas cerca de dois milhões e meio de pessoas.
A movimentação foi pacífica, com poucos e raros incidentes, o
que mostra que o povo está desenvolvendo um “modus operandi” irrepreensível, sem
os “quebra-quebras” e ataques a lojas comerciais, verificados em ocasiões
passadas.
A indignação do povo que foi às ruas ficou clara que não era
somente contra o atual partido do poder, porque, tanto em São Paulo como em
Brasília, políticos de oposição ao governo, que tentaram pegar carona no
movimento, foram expulsos sob vaias, o que mostra que o povo parece estar
despertando para uma nova realidade, e mostra repugnância em relação à atual
forma de se fazer política no Brasil.
O evento mostra que a permanência de Dilma no poder se
complica, e que a possível volta de Lula também está ficando distante. O Brasil
pode estar caminhando para uma nova experiência política, e se o voto é direto
e livre, as urnas poderão mostrar novas direções a partir deste ano de 2016 em
que ocorrerão eleições de prefeitos e vereadores em todo o país. A história
pode começar a excluir do poder os políticos que só têm olhos para o dinheiro
que existe nos cofres públicos, o que, via de regra, utilizam para fins que não
são os mais recomendáveis. Enriquecem a si e aos seus amigos e familiares, gastam
fortunas pare continuarem nos cargos enquanto os serviços públicos são
disponibilizados em qualidade e quantidade insuficientes.
A expulsão sob vaias, de personalidades como o governador
Alckmim, governador de São Paulo, Aécio e Serra, senadores do PSDB, principal
partido de oposição, espantados do movimento pelo povo, na Avenida Paulista, e de
Bolsonaro, deputado carioca, ocorrido em Brasília, mostram que nem direita ne
esquerda estão agradando, e que o caminho pode ser a busca por novas experiências.
A Dilma publicou nota sucinta reconhecendo a legitimidade do movimento,
e se não conseguir, nos próximos dias, alguma saída milagrosa para melhorar a
possibilidade de sua permanência no cargo, poderá desafiar um impeachment que abrirá caminho para possíveis
instabilidades na nação brasileira.
Agora o tempo urge, e em situação de desespero fica mais
delicada a realidade política nacional do Brasil. É verdade que esta crise vinha
sendo anunciada há algum tempo, mas parece que os poderosos não souberam
avaliar a evolução da indignação do povo, e deixaram de adotar em tempo certo,
as providências que se faziam necessárias para que o povo se sentisse
respeitado. Afinal o mundo não é movido somente a poder de dados econômicos,
mas acima de tudo por satisfações pessoais dos cidadãos e agora pelo senso de
defesa coletiva que voltou a morar no peito do brasileiro. O povo está infeliz
com os seus políticos.
Quem não acreditar na força do povo, certamente será
atropelado pela marcha popular rumo à moralidade pública.
João Lúcio Teixeira
Jornalista
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